:: Raridades ::
quarta-feira, setembro 29, 2004

Samsara


Samsara, a roda do sofrimento


A vida por vezes nos dá a oportunidade de corrigir os erros do passado e quebrar o ciclo de sofrimento que nos impõe a existência. A tarefa de "zerar" o karma é gigantesca, e apenas a completaremos ao longo de várias e várias encarnações. Mas, nesses momentos-chave, temos a chance de caminhar à frente, mesmo que em pequenos passos.

Estou tendo uma oportunidade dessas nesse exato momento, e não me decepcionarei. Acho que aprendi que não é impondo sofrimento a outras pessoas - principalmente aquelas que gosto mais - que darei termo ao meu próprio. Ter a noção real disso é realmente difícil...

Creio que é essa a explicação da boa fase que estou vivendo. Live and let live.

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Pra quem tem UOL: a Folha publicou esses dias uma reportagem com um estudo cultural sobre as tribos universitárias, algo que tentamos fazer uma vez para trabalho final de Antropologia na UnB. É muito, muito interessante. No caso, eles estudaram as branches da USP (ECA, FEA, Fefeléti etc) e outras universidades de São Paulo (FGV-EAESP, PUC etc) Clica aí e confere! Muito engraçado...

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Peguei pra ouvir a Julieta Venegas, e tô gostando muito. Me lembra alguém especial.

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Pára tudo. Atenção atenção. Sabiam que Dragostea Din Tei já ganhou sua versão em português? O hit romeno vai invadir as pistas brasileiras na voz de nada menos do que o *Latino* (lembram dele?), e o título é algo como "Festa no meu apê": "Vai ter festa/ lá no meu apê/ pode aparecer / vai rolar bunda lelê (sic)/ vai ter festa/ lá no meu apê/ vai ter birita / até o amanhecer..."

Tô até com medo de ouvir. Será que vai ficar pior que a versão que a Angélica fez pra Linger do Cranberries? Uma aberração!

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Os comments do Blogger Brazuca estiveram fora do ar o dia todo ontem. Mais um fator para corroborar a minha tese. Eu juro que assinaria se o serviço fosse bom. Mas, como é uma bosta...

Outra: vocês não têm noção da goleada que eu tomei pra postar fotos com esse sistema novo. Era tão mais fácil quando era só uma tag de HTML...

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Estou namorando um livro faz tempo, um que fala dos 100 livros mais importantes da história da humanidade. Vocês sabem como eu me amarro em História das Idéias. Por isso, estou compilando algumas frases que considero dentre as mais importantes na construção do conhecimento humano que temos hoje. Meu próximo post provavelmente será sobre isso. Stay tuned!


RAFA @ 13:25 tic-tac-tic-tac

domingo, setembro 26, 2004

48 horas bem animadinhas as minhas. Tudo começa na sexta, Teresa ao telefone: tá a fim de ir no BMF Eletrônico? Recuso. Não dá, tô sem grana, amanhã tenho almoço na Rúlia. "Mas é de grátis!" Hmmm... suddenly tudo mudou de figura. Fui. Para o camarote VIP!

Entrando lá, me senti dentro de uma música da Miss Kittin. Três futuras capas da Playboy - muito bem fornidas, como ninfas renascentistas - vêm me investir com a fita laranja que daria acesso à área mais exclusiva daquelas paragens (até porque, como se sabe, lugares de elite são exclusivos justamente porque excluem gente, como o próprio nome diz). Carpete vermelho, designer furniture em laranja, free beer & soda, Ichiban, Black Label com energético pra animar, massagistas profissionais para relaxar. Gente velha, figurões, modelettes. Camisas pólo com monogramas caros, toneladas de maquiagem, muito chit-chat, pouca animação de fato - comprovado pela Sonique, tocando pra meia dúzia de gatos pingados. Nunca pensei que houvesse gente tão bonita por aqui, mesmo com as marcas de produção tão óbvias. Beleza fabricada, the life of the rich and famous da capital federal. Do you know Frank Sinatra? He's dead...

Nem por isso deixei de me divertir muito, afinal estava em ótima companhia. Me and my famous friends, é claro. Mas o festival em si? Achei fraco, too civilised. Não entendi como toda aquela gurizada de 13 anos foi parar lá: os pais deixaram? Mas, já passou da hora de dormir! Outra: nenhuma das tendas lotou e via-se claramente como a estrutura montada era para receber o triplo de gente. No cômputo geral, só a hip hop realmente bombou, com o Craze - as outras estavam animadas, umas mais, outras menos, mas sem aquela vibração de insanidade coletiva típico das raves. Essa é a cultura eletrônica: pseudo-underground, e 100% branca. E mesmo no espaço do hip hop, apesar dos dançarinos e do realismo da produção, não dava pra ignorar o toque fake-elite em quase tudo.

Na real? O BMF'03 foi bem melhor. Tá certo, teve aquela poeira radioativa, estacionamento na casa de cacete e falhas imperdoáveis de organização, mas tava bem mais animado. Esse agora poderia ter sido bem melhor com algumas medidas simples: censura 16 anos e ingressos mais baratos pra aproveitar a capacidade instalada fariam maravilhas pela diversão geral. Fora que, como disse no post anterior, discordo do Lenny Kravitz. Rock n' roll is far from being dead. Simplesmente porque ele é mais humano do que as máquinas eletrônicas e seus operadores robôs.

Me diverti horrores no festival, por causa das companhias, é óbvio. Mas aproveitei o tempo também para pensar, e muito. Sozinho, na vi-ái-pí area, percebi o quanto a vida da so-called elite pode ser enfadonha. Ninguém ali parecia estar tendo a hell of a time, diferentemente de muita gente embaixo, no povão. E com tantos watts de potência nos amplificadores, a frase da noite foi posta pelo DJ do palco principal, com uma música do Depeche Mode. Enjoy the silence, Rafa... enjoy the silence...

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Não tem nem o que escrever sobre o niver da Rúlia. Como muito de vocês viram, eu estava total e completamente bêbado, como não fico há mais de ano - aquela ceva geladinha já tava descendo que nem água mesmo. Independente disso, foi muito show de bola. Uma turma animadaça, Pedro back in town, novas amizades, papos bastante promissores, muita risada, e um clima Porto Seguro. Fora que era a festa de uma amiga que amo de verdade, and she knows that. Idiossincrasia da tarde: sabe quando uma pessoa gosta de uma música que é a cara dela? Who will save your soul da Jewel é simplesmente a lata da Júlia. E a saladjenha com castanhas tava show.

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Casa, banho, descansa um pouquinho. Me liga a morena. Vamos sair? Tava cansado e com fome, mas who cares pra isso com tão nobre convite? Marietta, pizza, fotos nas bolas do memorial JK. Mais um papo de horas bem produtivo dentro do carro. Os passarinhos vão começar a cantar, tá na hora de ir embora. Tchau... pum!

É. A vida é cheia de iniciativas que nem você mesmo sabe que vai tomar. Surprise surprise!


RAFA @ 16:38 tic-tac-tic-tac

sexta-feira, setembro 24, 2004

Cidades. Algumas simplesmente passaram na minha vida. Outras me marcaram a ferro.

Como já disse, durante boa parte da minha vida medi minha felicidade em milhas percorridas. Quanto mais viajava, mais feliz - e aí, não sei o que vem primeiro, se fico feliz porque estou viajando, ou se viajo como manifestação de que as coisas estão bem.

Tenho viajado muito pouco, aliás, nunca viajei tão pouco na vida. E por isso mesmo tenho estado muito nostálgico. Segunda foi 20 de setembro, Revolução Farroupilha, e lembrei de como esse feriado lá no RS é quase tão importante como o 7 de setembro. Ontem, minha prima Fabíola me manda de Toronto um e-mail pra lá de homesick sobre o Recife - o qual ainda vou transcrever, mesmo que só em parte. Hoje recebi essa foto aqui:



É o meu Esquadrão, no Colégio Militar do Rio. Nos dizeres do brado de guerra, uma "tropa companheira". Bem mais do que isso, eu acho. O Esquadrão de Cavalaria do CMRJ é o mais próximo que eu consigo conceber de uma irmandade, no sentido mais puro que essa palavra possa ter. Durante o meu segundo grau (94-96), tinha eu aproximadamente trezentos irmãos e irmãs - hoje tenho muito mais, pois a família cavalariana só cresce. Apesar de todas as merdas, foi uma época muito feliz e saudável. Forjou o caráter e a personalidade do Rafa que eu conheço hoje.

Pra mim, essa foto é emocionante. E eu, que já ando nostálgico, recebi o tiro de misericórdia com ela. Essa roda de cavalarianos, pulando e cantando, é a celebração de um tipo de vínculo difícil de explicar, mas que uniu e une todos aqueles que já passaram por ali. Hippo!!!

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Semana que vem tem festa na Casa dos Moço. Só duas palavras: vai bombar!

A última já tem dois anos, e foi bem "produtiva" para todos, se é que me entendem. Essas festas em república no começo do semestre é sempre pra ter muito, mas muito medo. E eu, no meu status de inquilino honorário dessa ilustríssimo templo de castidade e amor ao conhecimento, faço aqui o prestigioso marketing do convescote. Porque, como diria Sharon Stone, "nunca vi uma média de 25 centímetros!"

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Meu irmão do meio fez uma tatuagem. O nome da namorada, grande, no bíceps. Em henna, que ele não é doido. Mas, pensando bem, mesmo em henna, tatuar uma coisa dessas é sempre doido, quanto mais no caso dele.

Pra completar, ele anda um porre. E tivemos bad news sobre a saúde dele. Acho que a ficha ainda não caiu.

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É só impressão minha, ou a cidade não bombou a metade para esse BMF Eletrônico em comparação como BMF Rock, ano passado? Tudo bem, ano passado era tudo novidade... mas ainda acho que o eletrônico vai demorar muito para alcançar o bom e velho rock n' roll na preferência geral. Compare-se o que se falou de Alanis, Live, Pretenders e das bandas nacionais no ano passado, com os ilustres deejays que vão dar as caras esse ano. Isso mesmo, não tem comparação.

Não que eu não goste de música eletrônica. Adoro. Mas, como já disse, ainda há poucos que de fato fazem Arte no gênero. O artista tem que ser uma pessoa com uma sensibilidade bem diferente da média das pessoas, e que sabe traduzir a sua visão de mundo em uma técnica para que os outros entendam. O que a maioria dos deejays faz é dominar uma técnica, e só. mas vamos parar por aqui, que esse post já tá enorme.


RAFA @ 11:34 tic-tac-tic-tac

quarta-feira, setembro 22, 2004

Atualizem seus favoritos! É só ir aí do lado e apertar o botãozinho. Soft and swift.

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Ninguém pode falar que eu fui pato e caí. Mas, pra quem não sabe, o Sexkut era só mais uma notícia fake do Cocadaboa. Clica aí veja a estória completa, uncut e passo-a-passo. Ao que dizem lá, foi brincadeira, mas agora vai se tornar real. Então tá, né...

Mas essa nào é pra rir. É pra refletir. Uma mentira repetida várias vezes acaba se tornando verdade para os menos dotados de senso crítico. E esse é o grande mal que a mídia pode fazer.

A mídia é fundamental, é claro. Mas todos os dias a mídia repete mentiras que se tornam verdades. Quando não por dolo, pela superficialidade da estória. Pouquíssimos sabem que o "Muro" que Israel constrói na Cisjordânia é, em 95% de sua extensão, uma cerca metálica. Se a construção é certa ou errada é outra discussão; o fato é que a cobertura jornalística está incorreta - mas a palavra "muro" apela muito mais às manchetes do que "cerca". E isso conduz a opinião pública.

A mais recente foi a polêmica sobre o vestibular de Direito da UnB. Aparte o ato profundamente demagógico da Reitoria em considerar a possibilidade de cancelar o vestibular, a Globo noticiou o fato de forma totalmente enviesada, criminosa mesmo. Omitiu que a decisão da AGU vale para todos os funcionários públicos, não apenas os militares (TODOS os funcionários civis, gerentes do BB e da Caixa, diplomatas, agentes da PF etc), que os 70 pedidos são dispersos nos doze semestres do curso e não apenas no primeiro semestre, como deixa a entender a comparação com o número de vagas oferecidas no vestibular, e pra completar, manipulou entrevistas de alunos de cursinho, para deixar a entender que os "filhinhos de militares" (sic) não precisam de vestibular para entrar. Um crime contra a verdade, que deve ser noticiado.

Mas, como se sabe, meus caros, a calúnia sempre vem nas manchetes, enquanto a retratação vem em letra miúda, perdida no meio das páginas...

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Barzinho muito massa fomos ontem. Chama-se Embargado, na 212 Sul, e é brand new mesmo, abriu anteontem. Estávamos indo pro 4A, mas aí passei na frente, vi que era bonitinho e decidi entrar, em bom candanguês, "pra ver de qual era". Muito massa. Charges do Quino na parede, um cardápio hilariante, cheio de piadinhas jurídicas, fora o atendimento classe A e um esquema pra lá de profissa pra servir a Bohemia Weiss - um copão de degistação que eu ainda quero ter em casa. A comida e os frios podiam ser menos caros, mas já dei o toque no gerente. Recomendo com força.

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Primavera. Minha estação preferida. Simplesmente porque é uma ótima época para recomeços.

No calendário celta o ano-novo começava no equinócio de primavera, ou seja, hoje. As neves do inverno representavam a morte do ano velho, e purificavam a terra para quando o sol começasse a subir no céu. No calendário judaico, lembrem-se, o Rosh Hashaná foi semana passada - mas só coincide com a primavera no hemisfério sul, obviamente. Pra mim, mais dois motivos: meu aniversário extra-oficial, e a primeira chuva no Planalto Central. Tudo volta a ficar verde, tudo brota, renovado. Happy New Year. Shaná Tová!

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Eu odeio o Saramago. É um mané de marca maior. Além de não saber escrever, só faz comentários inconvenientes - o último foi ter criticado o Kofi Annan, por ter dito que a ação de Bush no Iraque era ilegal. Fiquei atônito. Como assim, meu caro?

Juro que tentei ler o Ensaio sobre a Cegueira. Juro que tentei. Mas o mané não sabe nem escrever! É confuso, e até um pouco prepotente. O estilo é uma mistura de "A Bíblia Sagrada" com Faulkner, mas de uma maneira ruim, se é que me entendem. É impossível encadear idéias desse jeito, sem ponto nem parágrafo. É um pé no saco pra quem lê. Mas pros intelectualóides metidos a besta, deve ser um orgasmo.

A impressão que dá é que o Saramago é uma espécie de Diogo Mainardi dos intelectuais, ou seja, um mala hypado. No sentido mais estrito da palavra "hype": algo que muita gente fala que é bom, mas nem é essas coisas. Pra mim é mais que isso. é simplesmente horrível. E tenho dito.


RAFA @ 18:36 tic-tac-tic-tac

segunda-feira, setembro 20, 2004

Com a cabeça cheia de caraminholas, escrevi um post aqui. Me arrependi. Fiquei naquela, apago ou deixo? Afinal, é o retrato fiel de um momento, ainda que efêmero. E para isso servem os diários, certo? Para registrar os momentos bons e ruins. A glória e o revés.

Mas... percebi que não resolve nada deixar registrado um momento ruim nesse grande álbum que é o Raridades. Ninguém tira foto de parente morto no caixão, ou de uma cara de choro. Tira é de coisa boa, amigos em viagem ou numa mesa de bar, um acontecimento bacana, um dia de sol, uma balada, enfim, sorrisos. E mesmo que a minha rotina não tenha tido tantos sorrisos quanto eu gostaria, simplesmente não adianta ficar remoendo - e mesmo que só para amigos, publicamente - um péssimo momento, mesmo que verdadeiro. Não preciso desse blogue pra lembrar das tristezas. Elas normalmente aparecem sozinhas, sem precisar de ajuda.

Desculpem pela pieguice. Às vezes me esqueço que a aberração sempre apela mais aos olhos do que a beleza. Mesmo quando se tem absoluta certeza que de bela, muitas vezes, a vida não tem é nada. Mesmo assim, diga xis, Rafa... diga xis!


RAFA @ 19:26 tic-tac-tic-tac

quinta-feira, setembro 16, 2004

Buemba! Buemba!

O Orkut é coisa do passado... agora a onda é o Sexkut!

Detalhe sórdido: você só pode ser convidado por quem você já teve relações mais íntimas...

Estou a me perguntar: será que é só uma página fake que fizeram pra tirar onda, ou a parada realmente existe? E se é real... putz! Tenha medo das comunidades...

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Ontem foi aniversário do Arthur. Dezoitão. O que digo? A frase de ontem foi especialmente pra ele. Só quem pode perder o juízo é quem tem juízo.

Acho que Brasília é especialmente cruel com pessoas nesta idade. É muito fácil ficar sem rumo e se envolver com as pessoas erradas por aqui. Brasília tem sido cruel com meu irmão. Isso numa fase crucial, onde você de fato tem que agarrar a vida adulta com as duas mãos, ou ficar aborrecente forever. Já disse e repito: a adolescência não passa de uma construção da cultura ocidental contemporânea, um ponto de fuga para as pessoas que, mais tarde, are caught in the ratrace of life. Aí ficam os trintões quase grisalhos lembrando: "oooh, como era bom quando eu tinha dezessete..."

Aqueles que gostam de História do Cotidiano e das Mentalidades concordarão comigo : não havia "adolescência" - como conceito corrente - antes dos anos 50. Creio que a coisa ganhou vulto e popularidade porque deu dó ver a juventude pagar em vidas e sangue o preço de duas guerras mundiais, desperdiçando toda a beleza neoclássica dos seus corpos jovens - e hey, não eram só os nazistas que enalteciam isso nas artes. Devem ter pensado, "que mala suerte", morreram tão cedo, sem ao menos aproveitar a vida. Solução? Dêem a eles a capacidade de fazer tudo o que os adultos fazem, mas sem as responsabilidades que decorrem de qualquer ato comportamental humano - tal como dar um grande baile aos engalanados soldados, com moças em saias rodadas, bebop e dry-martinis, antes de mandá-los para sangrar no front. Chame-se isso de adolescência...

Uma solução de jerico, isso sim. Acabaram criando uma muleta psicológica da pior espécie, do mesmo jeito que os românticos dos XIXs tinham com a infância (alguém aí lembra de Meus Oito Anos? "Ai que saudades que tenho da aurora da minha vida/da minha infância querida..."). Venderam suas almas à juventude neoclássica de semideuses esculpidos em mármore, passaram a cultuá-la, sem deixar que as pessoas aproveitassem com plenitude a idade que tinham. Inventaram academias de ginástica, cremes anti-rugas e plásticas, para frear o que, por definição, nunca pára: o Tempo. E por conseqüência, chamaram os quarentões de tios sukita, os pequenos de pestinhas, e passaram a ver a velhice como decrépita e feia, no máximo com uma beleza cheia de pena, como os fotologs de Donas Arlindas. O que essa cultura de deuses do Olimpo fez à velhice é um crime, pois estimula a nossa própria negligência.

Não estou com isso condenando a adolescência à fogueira. Apenas digo que, quando percebemos que ela também é uma idéia construída, é que nos damos conta o quanto nossa cultura a cultua. O Tempo passa para todos, e temos que aprender a viver na idade em que temos, não só pelo que esperam de nós, mas principalmente para que nós mesmos possamos aproveitar o máximo de nossa passagem pela Terra. Adolescência é segundo grau (tá bom... ensino médio), descobertas e despertares. E pronto. Renew para quem tem 21 é piada.

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Shana Tová para todos!


RAFA @ 19:18 tic-tac-tic-tac

quarta-feira, setembro 15, 2004

Pra galera de REL: gostei muito do último relatório do Royal Institute of International Affairs (mais conhecido como "Chatham House") sobre a situação no Iraque. A partir da análise de conjuntura eles traçam alguns cenários muito interessantes. Pra quem tiver interesse, o link pro relatório da Chatham House sobre o Iraque.

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Ontem foi uma noite ótima. Comemoramos a eleição do Adam para a Secretaria-Geral do AMUN. Precisa dizer mais? Estou muito, mas muito orgulhoso mesmo. Não só porque ele merece, como também pela minha certeza de que, com a competência dele, o AMUN terá uma edição de absoluta excelência no ano que vem. Mazeltov, Adam!

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Tô pilhado pra ouvir o último do Aerosmith. Ao que parece, eles foram nos cafundós da Louisiana pra achar a essência do blues - aquele blues, que de tão azul é preto. Ouvi só um drops na internet e já vi que é coisa boa. Fora que experiência goes a long way. Afinal, o diabo só é o que é porque é velho.

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Frase do dia:

"Só tendo juízo pra saber como é bom perdê-lo." (Marcelo Nova)

RAFA @ 14:47 tic-tac-tic-tac

domingo, setembro 12, 2004

Com o bucho cheio de mate, continuemos.

Foi um findi bastante musical. Pra começar, ontem tive uma experiência metafísica com o 5o. movimento da Sexta Sinfonia de Beethoven. Sim, é uma das minhas favoritas, senão a favorita (tá bem, a favorita do povo daqui de casa é a 1812, mas deixa eu ser diferente?). Sério mesmo, I swear I wasn't high on acid, mas rolou uma sinestesia inacreditavelmente grande. Meu quarto escuro, som nas alturas... e eu, deitado na cama, como se a freqüência do meu cérebro estivesse perfeitamente sintonizada com os ups and downs dos violinos. Pra dizer a verdade, em alguns momentos eu poderia jurar que eu me tornei a música. Trippy.

Antes de sair de casa, um Oasisinho básico - da fase róquenrou na veia, pra animar. Bring it on down, Headshrinker, Fade Away. Um pouco também do "Alo, Salut, sunt eu, un haiduc..." muito divertida essa musiquinha romena. Tosquinha, mas eu mesmo não consigo ficar sem dançar quando escuto. O nome é Dragostea din tei, letra - em romeno - com a devida english translation akê, ó!

E, pra vocês verem o quanto eu sou um menino eclético, hoje rolou de tudo, de Keane, Somewhere only we know e Carlos Vives - Como tu, até a Dança do Patinho do B Negão.

Mas o que ficou na minha cabeça mesmo foi a interpretação de Malo, da Bebe. Españolíssima, coisa meio gitana/flamenca misturado com uma pegada bem róquezão. Me identifico com essa idéia do amor sangüíneo... com a tristeza da voz de menina frágil cantando "una vez más no mi amor, por favor, no grites..." e da raiva absoluta e ferina ao decretar "malo, malo, malo eres, no se daña quien se quiere, no!". Fantástico. Excelente. Bravo! (clap clap clap clap!!!)

***

Lembrei de uma pessoa o dia inteiro hoje. Me deixou várias lembrancinhas doloridas aqui... nem deu pra esquecer.


RAFA @ 19:07 tic-tac-tic-tac

Pois é, pessoal... cansei do Blogger Brazuca. A Grôbo.com tem um servicinho realmente mané comparada aos gringos do blogspot. Não oferecem nada, e ainda querem cobrar. Pois eu é que não vou compactuar com isso.

E, como tem sido uma fase de grandes mudanças, resolvi mudar o template também. Saem o azul-marinho e o laranja-salvamento, voltam o negro e dourado. Tirei as imagens que sobrecarregavam a página desnecessariamente e os links inativos - Inutilia Truncat! E, como não podia deixar de ser, o quadro do Shag no cabeçalho diz muito sobre tudo isso. Means I'm going somewhere, 'though I don't know exactly where.

Pra completar, uma coincidência cronológica. Esse blogue volta ao ar num dia 12 de setembro, às cinco da tarde. Dois anos da maior escolha que alguém pode fazer: viver. Mal ou bem, mas viver, sobretudo.

Pois, contaminado por esse espírito arcadista-século-XXI é que digo: seise the day! Mesmo que seja pra ficar à toa mesmo. Já já vou cevar meu chima e observar o azul e o vermelho do céu da Asa Norte dançarem no pôr-do-sol, como yin e yang em eterno moviemento...

Cheers!

RAFA @ 17:12 tic-tac-tic-tac