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sexta-feira, outubro 22, 2004
Era batata. Durante essas duas semanas, toda vez que sentava essa coisa reta (à qual chamo de "bunda") na cadeira pra atualizar o blog, batia um vento leste - provavelmente vindo da Bahia - e me tomava de uma leseira tão grande... ficava naquele dilema: muita coisa a ser dita, mas tantas desculpas para não dizê-las... e nesse impasse, a preguiça acabava ganhando.
Pero bien, pressionado pela culpa pela minha falta de disciplina, cá estou. E sabe do que? Não sei o que dizer! É muito difícil contar uma estória que dá reviravoltas tão fortes a cada dia. E podem acreditar, os últimos quinze dias dariam um ótimo filme de suspense. Não dá pra adivinhar o que vem depois, o dia de amanhã, quem dirá os grandes processos. Em relationship status, for instance, fui de single a committed, com um imbróglio entre single e open relationship depois. Fiquei com saudade, precisei de colo, tive loucos acessos de tesão, oscilei entre a total auto-confiança e o medo desesperador. Ou seja: não me peçam para discorrer sobre os últimos dias. Don't get me started. Melhor falar das amenidades: pra começar, digo que estou cada vez mais propenso a ler menos livros e assistir mais filmes. Os livros, os tais "objetos transcendentes que podemos amar do amor táctil que votamos aos maços de cigarros", têm me afastado como uma velha e chata esposa. Tenho tido cada vez menos paciência com eles. Já a silver screen tem sido uma jovem amante, inexplorada e cheia de luxos. E que, ainda sim, me deixa sempre com gostinho de quero mais. Vi nesses dias na HBO um documentário que recomendo fortemente. Chama-se Parallel Lines, da cineasta americana Nina Davenport, e é basicamente um registro da viagem dela de carro de San Diego a NYC entrevistando cidadãos comuns along the road sobre os efeitos dos atentados às torres gêmeas no dia-a-dia das pessoas. Fantástica idéia, fantástico filme, e fantásticas conclusões e impressões me deram. Observar a miséria psicológica nos olhos de pessoas tão rosadas e bem alimentadas pode ser tão chocante quanto as esquálidas crianças africanas. E os States, apesar de toda sua ignorância média, é um importantíssimo fator de invenção daquilo que chamamos de modernidade. Mais: é o resumo da contemporaneidade. Seu comportamento imperial é indesejável a todos, mas a sua existência é simplesmente vital. Não há como negar. Seqüestrado por uma amiga, fui ver Kill Bill vol.2, e como era de se esperar, adorei. Tá certo, não é nada que te faça pensar nas grandes questões da vida, mas hey, cinema também foi feito para proporcionar diversão só pela diversão, e a estética pop do Tarantino é simplesmente avassaladora. Vereditos: o dois é definitivamente melhor que o um, as tomadas de câmera nas cenas de kung fu e a trilha sonora são o melhor do filme, e Pulp Fiction ainda é a obra-prima dele. Um filme pra aplaudir e vaiar, mas acima de tudo, pra gostar. Pra não gostar, só gente que se leva muito a sério. *** Festa na Casa dos Moço semana passada. Faz algum tempo, eu sei, mas não posso deixar de comentar. Havia mil motivos para não gostar da festa. Quente, muito quente, e cheio de momentos "sujeira" (com a devida complementação gestual). Mas... o goró tava de primeiríssima qualidade, e quase todos os meus amigos de Brasília estavam lá. É isso o que importa para uma festa boa. E, modéstia à parte, o som foi muito bom. Muitos elogios... *** Como não poderia faltar: ao som de Cannonball do Breeders, Steal my sunshine dos one-hit wonder Len, No se llama amor do Turf (excelente!) e mais Ludov, Julieta Venegas, velhas do Oasis e rap londrino do Streets. *** Normalmente, essa coisa de muitos dias sem atualizar é um mau sinal. Bad omen. Onde há fumaça há fogo, e onde não há atualizações nos diários há grandes movimentos - aquela coisa da imprensa parisiense nos "cem dias" de Bonaparte, sem saber o que dizer porque tudo poderia mudar em questão de horas. No meu caso foi um pouco diferente: a preguiça era o principal, mas havia também uma boa dose de confusão mental e ansiedade. E simplesmente não consigo escrever sem idéias mais ou menos claras. Mesmo assim, tenho que escrever. Por isso, caros leitores, façam me um favor: encham o meu saco toda vez que eu passar mais de semana sem escrever. Eu vou reclamar, mas é por uma boa causa. RAFA @ 18:17 tic-tac-tic-tac
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mirror, mirror
na vitrola
bio Brasileiro da gema, viajante do mundo por natureza. Sagitariano cuspido e escarrado, com ascendente em Aquário, seja lá o que isso for. Odeia sopas e caldos mais do que tudo no mundo, seguido de perto por cinismo. Nascido na Ilha do Leite, na cidade do Recife, criado na Urca e em muitos quartéis Brasil afora, foi enrolado por sua mãe na bandeira do Sport quando nasceu, mas ama mesmo é o glorioso Botafogo de Futebol e Regatas. Afinal, amor que é amor tem que doer, e torcer pra time que só ganha é chato demais. Gosta de sentir a brisa da praia no rosto, do bobó de camarão de Dona Susana, e de frutos do mar em geral. Seus tempos de Colégio Militar no Rio o fizeram um cavalariano orgulhoso, mas um péssimo cavaleiro: ainda hoje insiste em querer montar pelo lado direito. Indie desde pequeninho, é mestre em gostar de bandas que ninguém nunca ouviu falar. Em razão do seu amor pelo róquenrou, tenta sem sucesso tocar instrumentos de cordas - violão, baixo, guitarra - mas sua incompetência não o deixa passar do meia-boca. Moço com grandes dotes culinários (só não morreu de inanição ainda por sua criatividade na cozinha), amante da boa-mesa - e de "forks" in the table - já até sentiu o sabor das nuvens. Com oito anos decidiu ser piloto de caça depois de ter visto Top Gun no cinema - desistiu aos 16 quando se deu conta que a Marinha não tinha caças e que milico ganha mal que só a porra. Hoje, graduado em Relações Internacionais pela UnB e mestrando em Comunicação na mesma, estuda para passar no Rio Branco, só porque gostou do cafezinho da Embaixada em Londres. Viciado em chocolate por falta crônica de sexo, vive dizendo que um alfajor de chocolate Havanna é quase tão bom quanto uma noitada com a Luana Piovani ou com a Jennifer Connoly. Eco-chato assumido, descobriu-se idealista depois de velho - dizem as más línguas que foi depois de ter finalmente entendido Kant, aquele mesmo que ele próprio passou a vida inteira malhando. Reza a lenda que seu idealismo é tão agudo que nunca vai deixar de acreditar em Papai Noel e na ONU. É um dos maiores acadêmicos de seu tempo, com 1,90m de altura, por isso mesmo preferindo as altas: "baixinha dá uma puta dor nas costas" reclama. Don Juan totalmente às avessas, "bigode" assumido, não tem muita afeição por gatos, a marxistas e a torcedores do Flamengo. Recebeu orgulhamente o diploma de cidadão honorário de Entre-Ijuís/RS, e já vislumbra o Nobel da Paz. Toma chimarrão regularmente, para curar bebedeira e manter a tradição. Sangue O positivo com muita testosterona, sofre de insônia, alergia a pó e falta de simancol. Escreve esse blog porque adora fazer uma graça - só não percebeu que a maior graça na vida dele é ser ele próprio.
blogs amigos Fotológuisson
soft cuca ![]()
sharp cuca about this blog *idiossincrasia (id). [Do grego idiossynkrasía: ídios, próprio + sykrasis, constituição, temperamento] S. f. 1. Disposição do temperamento do indivíduo, que o faz reagir de maneira muito pessoal à ação dos agentes externos. 2. Maneira de ver, sentir, reagir, própria de cada pessoa. 3. Med. Sensibilidade anormal, peculiar a um indivíduo, a uma droga, proteína ou outro agente.Porque "Raridades & Idiossincrasias"? Não sei bem ao certo. Achei um título legal when it came out. Um título quase conceitual, eu diria. Sobre as "idiossincrasias", eu uso essa palavra sempre, mesmo soando meio intelectualóide demais pro meu gosto. No entanto, eu normalmente a uso com um sentido um pouco diferente do restrito léxico dos dicionários. Pra mim, essa "maneira de ver, sentir, reagir" se percebe nas menores coisas, aquele tipo de detalhe inerente à sua personalidade que nem mesmo as pessoas que melhor te conhecem poderiam notar. Aquelas pequenas manias, tipo Amélie Poulain, como fazer pedrinhas ricochetearem no canal ou enfiar a m?o num saco de tremoço (aliás, enfiar a mão num saco de qualquer cereal é fantástico!). Detalhes pequenos, mas muito importantes. Vitais! Essa é a idéia. Registrar estas pequenas raridades do dia-a-dia. Ou também as raridades que parecem grandes, mas que no final são igualmente pequenas. Isso faz parte do meu esforço de perceber a realidade ao redor com olhos mais clínicos, para poder enxergar a beleza dessas coisas. A manteiga derretendo no pãozinho quente, o cheiro fresco de grama molhada de chuva, essas coisas... Enjoy the experience! no baú
setembro 2004 Raridades v.1: out'02 a fev'03
Raridades v.2: out'03 a fev'04
Raridades v.3: mai'04 a set'04 - fora do ar devido aos idiotas da Globo.com
credits
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