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quinta-feira, novembro 11, 2004
Engraçado é como a palavra "figuraça" pode ser um eufemismo para designar pessoas loucas. No mínimo curioso.
E nessa de semiótica, passei a perceber que o som diz tanto sobre o sentido subjacente das palavras como as próprias palavras determinam a linguagem do pensamento - por isso mesmo seu viés. Exemplos? Hmmm... adoro dizer a palavra "tobogã", porque me acalma. E no outro dia vi uma amiga evangélica num fenômeno que eles chamam de "orar em línguas" - mas, em vez de ser obras da divindade, acredito que as tais sílabas são tão somente expressões de idéias - ou de seus fragmentos - liberadas pelo veículo da fala sem codificação. E sim, elas são a expressão fiel dessas idéias. Que legal. *** Esses dias tive o pior tipo de saudade que se pode ter: saudade daquilo que nunca se teve. Estávamos eu e Hugão de bobeira no minhocão. Íamos prum esqueminha lá na Antropologia (o Antro, só não se sabe de que) mas tava fraco demás... fomos parar num esqueminha na FAU. Tava muito bom mesmo, gente bonita, boa música, mas... a gente tava mais perdido que cusco caído de caminhão de mudança. Na verdade, o fato é que nunca, em 4 anos naquela universidade, tinha ido pra uma festinha tão descoladette (os esquemas CAHIS-e-demais-CAs-podiscrê não se incluem nessa categoria, claro.) O REL é uma parada tão pretensiosamente sofisticada que nossas festinhas chegam a parecer de repartição pública. Strangely enough, vou em uma daqui a pouco, e estou até empolgado. Vai entender essa cabecinha... *** No outro dia fomos no "Êxodos", aquele esquema de teatro alternativo no ICC sul. Tinha uns 3 esquétes que estavam legais: o casal no buraco, a bailarina, a moça vendo filmes de viagem. Do resto eu não gostei, way too alternative for me . Tive até vontade de vomitar em um deles, que envolvia um frango morto e outros alimentos. Não aguentei três minutos desse. Estômago fraco o meu. Fora que eu já tinha gasto todo o pouco fosfato que me restava no concurso da ANEEL, aliás, a prova mais cansativa ever. Será? Hmmm... não sei. Quem sabe? Nunca se sabe. Pelo menos nunca ao certo. Importa? *** O mundo é cheio de assimetrias, e temos que nos acostumar com elas. Uma das que mais incomoda essa pobre alma que vos fala é a assimetria de gostares: uma pessoa nunca gosta de outra da mesma forma que é gostada pela mesma. Pior: as gentes nunca estão lá quando outras gentes precisam delas, e quanto mais procuram, mais distantes ficam dos que querem achar. E como lidar com isso, se ser gostado é uma necessidade humana tão vital e tão parte daquilo que concebemos como amor próprio? Resignar-se? Jamais. Esse verbo não transita muito em meu dicionário. Mas aceitar a diferença, nesse caso, pode ser a melhor reação-pró-ativa que se pode ter. Afinal, quem dá o afago é quem o recebe de verdade. Só aquilo que damos nos pertence. O resto é só emprestado. *** Brasília, pode ter chegado a grande hora da decisão. Será que é tempo de levantar âncoras e seguir para o próximo porto, ou será que o impossível - bater pilares de fundações - finalmente acontecerá? Durante tempo demais achei que esse lugar nem porto era - não passava de uma área de passagem, como o Passo do Bósforo ou de Magalhães. Ledo engano. Mais que um porto, Brasília mostrou-se como um lugar em que poderia estar-se à deriva sem sair do lugar, e sem nunca ver terra firme. Engraçado. Só fui perceber isso quando recolhi as velas no meio da ventania. *** A maré mudou, a começar pelos cabelos. Agora, mais curtos e comportados, como d'antes. Mas agora já temos quase o dobro de tempo de calmaria do que se passou na tempestade - ou será que foi o contrário? Não sei mesmo. Bem, se foi-se foi, a ventania já passou, e os cabelos curtos refletem isso. Mas é da natureza das ventanias deixar rasgos, e de alguma forma, moldar as velas. Por isso, nào está tudo exatamente como d'antes. Nunca poderiam estar. Se não nos restou nada, resta apenas tirar algo de positivo do que passou. Mesmo que muito pouco. Mesmo que só a vantagem - conceitual, nada mais - de se ter passado. *** RAFA @ 20:08 tic-tac-tic-tac
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mirror, mirror
na vitrola
bio Brasileiro da gema, viajante do mundo por natureza. Sagitariano cuspido e escarrado, com ascendente em Aquário, seja lá o que isso for. Odeia sopas e caldos mais do que tudo no mundo, seguido de perto por cinismo. Nascido na Ilha do Leite, na cidade do Recife, criado na Urca e em muitos quartéis Brasil afora, foi enrolado por sua mãe na bandeira do Sport quando nasceu, mas ama mesmo é o glorioso Botafogo de Futebol e Regatas. Afinal, amor que é amor tem que doer, e torcer pra time que só ganha é chato demais. Gosta de sentir a brisa da praia no rosto, do bobó de camarão de Dona Susana, e de frutos do mar em geral. Seus tempos de Colégio Militar no Rio o fizeram um cavalariano orgulhoso, mas um péssimo cavaleiro: ainda hoje insiste em querer montar pelo lado direito. Indie desde pequeninho, é mestre em gostar de bandas que ninguém nunca ouviu falar. Em razão do seu amor pelo róquenrou, tenta sem sucesso tocar instrumentos de cordas - violão, baixo, guitarra - mas sua incompetência não o deixa passar do meia-boca. Moço com grandes dotes culinários (só não morreu de inanição ainda por sua criatividade na cozinha), amante da boa-mesa - e de "forks" in the table - já até sentiu o sabor das nuvens. Com oito anos decidiu ser piloto de caça depois de ter visto Top Gun no cinema - desistiu aos 16 quando se deu conta que a Marinha não tinha caças e que milico ganha mal que só a porra. Hoje, graduado em Relações Internacionais pela UnB e mestrando em Comunicação na mesma, estuda para passar no Rio Branco, só porque gostou do cafezinho da Embaixada em Londres. Viciado em chocolate por falta crônica de sexo, vive dizendo que um alfajor de chocolate Havanna é quase tão bom quanto uma noitada com a Luana Piovani ou com a Jennifer Connoly. Eco-chato assumido, descobriu-se idealista depois de velho - dizem as más línguas que foi depois de ter finalmente entendido Kant, aquele mesmo que ele próprio passou a vida inteira malhando. Reza a lenda que seu idealismo é tão agudo que nunca vai deixar de acreditar em Papai Noel e na ONU. É um dos maiores acadêmicos de seu tempo, com 1,90m de altura, por isso mesmo preferindo as altas: "baixinha dá uma puta dor nas costas" reclama. Don Juan totalmente às avessas, "bigode" assumido, não tem muita afeição por gatos, a marxistas e a torcedores do Flamengo. Recebeu orgulhamente o diploma de cidadão honorário de Entre-Ijuís/RS, e já vislumbra o Nobel da Paz. Toma chimarrão regularmente, para curar bebedeira e manter a tradição. Sangue O positivo com muita testosterona, sofre de insônia, alergia a pó e falta de simancol. Escreve esse blog porque adora fazer uma graça - só não percebeu que a maior graça na vida dele é ser ele próprio.
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soft cuca ![]()
sharp cuca about this blog *idiossincrasia (id). [Do grego idiossynkrasía: ídios, próprio + sykrasis, constituição, temperamento] S. f. 1. Disposição do temperamento do indivíduo, que o faz reagir de maneira muito pessoal à ação dos agentes externos. 2. Maneira de ver, sentir, reagir, própria de cada pessoa. 3. Med. Sensibilidade anormal, peculiar a um indivíduo, a uma droga, proteína ou outro agente.Porque "Raridades & Idiossincrasias"? Não sei bem ao certo. Achei um título legal when it came out. Um título quase conceitual, eu diria. Sobre as "idiossincrasias", eu uso essa palavra sempre, mesmo soando meio intelectualóide demais pro meu gosto. No entanto, eu normalmente a uso com um sentido um pouco diferente do restrito léxico dos dicionários. Pra mim, essa "maneira de ver, sentir, reagir" se percebe nas menores coisas, aquele tipo de detalhe inerente à sua personalidade que nem mesmo as pessoas que melhor te conhecem poderiam notar. Aquelas pequenas manias, tipo Amélie Poulain, como fazer pedrinhas ricochetearem no canal ou enfiar a m?o num saco de tremoço (aliás, enfiar a mão num saco de qualquer cereal é fantástico!). Detalhes pequenos, mas muito importantes. Vitais! Essa é a idéia. Registrar estas pequenas raridades do dia-a-dia. Ou também as raridades que parecem grandes, mas que no final são igualmente pequenas. Isso faz parte do meu esforço de perceber a realidade ao redor com olhos mais clínicos, para poder enxergar a beleza dessas coisas. A manteiga derretendo no pãozinho quente, o cheiro fresco de grama molhada de chuva, essas coisas... Enjoy the experience! no baú
setembro 2004 Raridades v.1: out'02 a fev'03
Raridades v.2: out'03 a fev'04
Raridades v.3: mai'04 a set'04 - fora do ar devido aos idiotas da Globo.com
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