:: Raridades ::
sexta-feira, novembro 26, 2004

Preto, branco, tons de cinza (III)


Y cuando cae la noche, baja a bailar a la Tasca


A Lua têm me seguido nesses últimos dias. De uma madrugada fria e hippie na esplanada rodeado de amigos a uma janela solitária de um quinto andar qualquer, parece que ela tirou uma folga dos casais de namorados e veio me dar uma espiadela. Tal como uma amante ciumenta, ela vigia de longe e permanece calada, só porque não pode cobrar-me fidelidade. Afinal, agora estou mais diurno do que me possa lembrar esse ano. Como bom filho dos trópicos, senti falta do sol.

Mal sabe ela que, ao chegar para satisfazer sua curiosidade noturna, ela acaba por revelar-se inteira, desnuda, como se fosse ela o grande seio que derrama a via láctea. Vê, que bela. A mãe da noite, a amante dos perdidos, puta e sacra. Será possível, ser chamado à contemplação assim?

Só sei que ela me seguiu esses dias, nightstalking. Estava no Eixão a cem por hora, acompanhado por um amigo semi-desperto (ou seria semi-dormindo?). Ela, entre nuvens, tentava esconder-se. But I spotted her alright. Deixava seu rastro branco por onde passasse.

Ah, se todas as amantes fossem como a Lua. Esconde-se querendo se mostrar, ignora querendo adular, fala querendo gemer. A que aparece agressiva e assustadora, apenas para revelar-se frágil e desprotegida. Puta e sacra. Anjo e demônio. Luz e escuridão.

***

Penso: me ofendo cada vez menos com o que as pessoas dizem ou fazem. Ainda sim, não gosto de gente morna. É quente ou frio, ou eu vomito. Ora, algumas pessoas realmente não conseguem tomar decisões na vida. Tomara que algum dia eu aprenda a ter mais paciência com elas. Até lá, Grande Fodão, dá-me distância.

***

Como diria o mestre Fito Paez, "es solo una cuestión de actitud".
Life's what you make of it.
Stop whining, and do something about it.
Full stop.


RAFA @ 17:56 tic-tac-tic-tac