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sexta-feira, janeiro 14, 2005
Ironias que a terra um dia há de comer
Mais do que apenas idiossincrasias, a vida é feita de pequenas ironias, daquelas da música da Alanis. Como se houvesse mesmo algo como uma pequena ironia... bullshit. Se o conceito é absoluto, não tem como quantificar, né dândi? Enfim, ontem, bêbado ao chegar em casa de uma balada fantástica com amigos, tive uma experiência sobrenatural, quase extra-corpórea. Liguei a TV, e lá estava o clipe de The Universal. Fiquei a pensar: caralho, o Damon Albarn, ou quem quer que tenha composto essa música, é um abso-fucking-lute genius. Gênio! Conseguiu resumir a grandiosidade absoluta do Tudo em finitas notas musicais. E lá estava eu, no sofá, degustando lentamente todos os bits dessa matrix. Como se eu pudesse sentir todas as ironias do mundo, a ironia-mor de cada átomo que existe ou já existiu. Flashback de algo que eu tenha tomado anos atrás? Talvez, nunca se sabe. Umas poucas caipirinhas nunca tiveram esse efeito em ninguém. Mas pode ser uma iluminação divina também... hmm, pensando bem, não mesmo. Apesar de reconhecer que Ele de vez em quando se envolve, como naquela do Jules de PF, já aprendi que não é pra brincar com isso. Ironias. Best friends, worst enemies, relações sociais que se cruzam de maneira intrigantemente irônica. Nerds, boêmios, gays e machões, putas e puritanas. Lembranças. Um beijo na boca, fugaz, mas que parece um mar pela grandeza, pelas ondas e sais. O oceano, à noite, num céu cheio de estrelas. Estrelas que ainda não consigo alcançar. Parece mesmo que estou no meio de um duelo titânico entre forças opostas, e eu sou só um hound dog, um cusco perdido no tiroteio, whining and laughing all the time. Dançando na poeira dos deuses, num campo minado de efeitos possíveis. Antes de sair tive um pequeno acesso de melancolia, que felizmente durou muito pouco. Quase o carro de Karma Police pegando fogo - só que, como sempre, sou eu que jogo o fósforo na gasolina. Acho que tenho sorte mesmo - ou a força cósmica que a mitologia judaico-cristã chama de "anjo da guarda" realmente merece um extra pay. Agora, apesar de toda a desconexão desses pensamentos, tudo está muito claro. Justamente por causa desse momento de revelação. Se você teve saco de ler isso até aqui, querido leitor, tente achar um fundamento nisso tudo. Porque, em poucas palavras, o lance é simplesmente viver o hoje e o agora, sem se preocupar muito com planos ou big plots. Não viva agosto esperando setembro. Viva a quinta-feira, em cada segundo, como se tudo fosse acabar amanhã. E aí fique feliz em ver que o dia nasceu e a trombeta não soou. Tente não machucar ninguém pelo caminho, pois o mal que você faz volta nove vezes pra você mesmo. Admire tudo o que é belo, e satisfaça-se. Não, não é hedonismo, epicurismo nem nada parecido. É simplesmente sentir a intensidade do tempo. Lust for life, for knowledge, for spiritual experiences. E acaba tudo nos violinos de The Universal. Fim. *** "Quanto mais vigorosa a mente, mais violenta a paixão em que se deixa envolver" Edmund Burke RAFA @ 18:59 tic-tac-tic-tac
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mirror, mirror
na vitrola
bio Brasileiro da gema, viajante do mundo por natureza. Sagitariano cuspido e escarrado, com ascendente em Aquário, seja lá o que isso for. Odeia sopas e caldos mais do que tudo no mundo, seguido de perto por cinismo. Nascido na Ilha do Leite, na cidade do Recife, criado na Urca e em muitos quartéis Brasil afora, foi enrolado por sua mãe na bandeira do Sport quando nasceu, mas ama mesmo é o glorioso Botafogo de Futebol e Regatas. Afinal, amor que é amor tem que doer, e torcer pra time que só ganha é chato demais. Gosta de sentir a brisa da praia no rosto, do bobó de camarão de Dona Susana, e de frutos do mar em geral. Seus tempos de Colégio Militar no Rio o fizeram um cavalariano orgulhoso, mas um péssimo cavaleiro: ainda hoje insiste em querer montar pelo lado direito. Indie desde pequeninho, é mestre em gostar de bandas que ninguém nunca ouviu falar. Em razão do seu amor pelo róquenrou, tenta sem sucesso tocar instrumentos de cordas - violão, baixo, guitarra - mas sua incompetência não o deixa passar do meia-boca. Moço com grandes dotes culinários (só não morreu de inanição ainda por sua criatividade na cozinha), amante da boa-mesa - e de "forks" in the table - já até sentiu o sabor das nuvens. Com oito anos decidiu ser piloto de caça depois de ter visto Top Gun no cinema - desistiu aos 16 quando se deu conta que a Marinha não tinha caças e que milico ganha mal que só a porra. Hoje, graduado em Relações Internacionais pela UnB e mestrando em Comunicação na mesma, estuda para passar no Rio Branco, só porque gostou do cafezinho da Embaixada em Londres. Viciado em chocolate por falta crônica de sexo, vive dizendo que um alfajor de chocolate Havanna é quase tão bom quanto uma noitada com a Luana Piovani ou com a Jennifer Connoly. Eco-chato assumido, descobriu-se idealista depois de velho - dizem as más línguas que foi depois de ter finalmente entendido Kant, aquele mesmo que ele próprio passou a vida inteira malhando. Reza a lenda que seu idealismo é tão agudo que nunca vai deixar de acreditar em Papai Noel e na ONU. É um dos maiores acadêmicos de seu tempo, com 1,90m de altura, por isso mesmo preferindo as altas: "baixinha dá uma puta dor nas costas" reclama. Don Juan totalmente às avessas, "bigode" assumido, não tem muita afeição por gatos, a marxistas e a torcedores do Flamengo. Recebeu orgulhamente o diploma de cidadão honorário de Entre-Ijuís/RS, e já vislumbra o Nobel da Paz. Toma chimarrão regularmente, para curar bebedeira e manter a tradição. Sangue O positivo com muita testosterona, sofre de insônia, alergia a pó e falta de simancol. Escreve esse blog porque adora fazer uma graça - só não percebeu que a maior graça na vida dele é ser ele próprio.
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soft cuca ![]()
sharp cuca about this blog *idiossincrasia (id). [Do grego idiossynkrasía: ídios, próprio + sykrasis, constituição, temperamento] S. f. 1. Disposição do temperamento do indivíduo, que o faz reagir de maneira muito pessoal à ação dos agentes externos. 2. Maneira de ver, sentir, reagir, própria de cada pessoa. 3. Med. Sensibilidade anormal, peculiar a um indivíduo, a uma droga, proteína ou outro agente.Porque "Raridades & Idiossincrasias"? Não sei bem ao certo. Achei um título legal when it came out. Um título quase conceitual, eu diria. Sobre as "idiossincrasias", eu uso essa palavra sempre, mesmo soando meio intelectualóide demais pro meu gosto. No entanto, eu normalmente a uso com um sentido um pouco diferente do restrito léxico dos dicionários. Pra mim, essa "maneira de ver, sentir, reagir" se percebe nas menores coisas, aquele tipo de detalhe inerente à sua personalidade que nem mesmo as pessoas que melhor te conhecem poderiam notar. Aquelas pequenas manias, tipo Amélie Poulain, como fazer pedrinhas ricochetearem no canal ou enfiar a m?o num saco de tremoço (aliás, enfiar a mão num saco de qualquer cereal é fantástico!). Detalhes pequenos, mas muito importantes. Vitais! Essa é a idéia. Registrar estas pequenas raridades do dia-a-dia. Ou também as raridades que parecem grandes, mas que no final são igualmente pequenas. Isso faz parte do meu esforço de perceber a realidade ao redor com olhos mais clínicos, para poder enxergar a beleza dessas coisas. A manteiga derretendo no pãozinho quente, o cheiro fresco de grama molhada de chuva, essas coisas... Enjoy the experience! no baú
setembro 2004 Raridades v.1: out'02 a fev'03
Raridades v.2: out'03 a fev'04
Raridades v.3: mai'04 a set'04 - fora do ar devido aos idiotas da Globo.com
credits
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