:: Raridades ::
terça-feira, junho 28, 2005

Danny is lonely cos Mary's in India now
She said she'd call but that was three weeks ago
She left all her things well,
her books and her letters from him
And as the sun rises on Mary, it sets on him

And just dance, and just drink
and just see the things
I probably never get a chance to see

Danny's not eating, he's drinking and sleeping in
I saw him last night at a party, he's definitely thin
He says he's happy, he looked pretty good but I think
That as the sun rises on Mary, it sets on him

And just dance, and just drink
and just say the things
I probably never get the chance to say

Danny came over last night
and I cooked for him
We talked about you Mary
and how much we loved you still
He told me he's packed up your books
and your letters and things
And as the sun sets on Mary,
it's rising on him

And we danced and we drank and I've seen some things
you probably never got the chance to see
Don't worry, Mary
cause I'm taking care of Danny
And he's taking care of me

* * *

RAFA @ 13:40 tic-tac-tic-tac

quinta-feira, junho 23, 2005

Não adianta. Só gosto de quem me trata bem. Quem vem com muita patada e neurose pra cima de mim roda mesmo. E não interessa o quão gata-genteboa-companheira seja.

* * *

Têm sido as piores duas semanas dos últimos tempos. Estou com cada vez menos tempo pra mim ultimamente. É fim de semestre na UnB, e por conseguinte o esquema de trabalhos/provas/projetos está sendo pesado e bem cansativo. Como se não bastasse, tenho sido muito requisitado no trabalho, o que é bom, mas me deixa um caco no fim do dia - principalmente com essa tosse que não vai embora e não me deixa malhar direito. Fora que todo mundo resolveu surtar essa semana. Me diz: porque é que eu sinto que só gente louca se aproxima de mim?

Uma coisa estava me salvando desse anticlímax: a caça por apês. Pois é, estava. Recebi uma proposta do Hugón bem legal, e o Lelê achou um de 3 quartos bem massa na 415 sul, a 5 minutos de carro do trabalho e com suite. Até aí, só alegria. Mas nada me preparava para a reação totalmente sem-noção dos meus pais, especially my mom. Calma, mas um tanto cínica. Uselessly holding back. Normal, eles nunca passaram por isso antes, eu entendo. Mas quem paga o preço disso, pra variar, sou eu. E eles vão ter que ver que, cedo ou tarde, eu sairei. E eu farei de tudo para que seja agora.

Pra completar, tive que chamar os Ghostbusters essa semana. Problema com alma penada, sabe? Estou aqui a pensaire: o que fazer quando se acha que seu interlocutor não tem a menor noção do que faz? Perguntarei aos sábios de Sião, a.k.a. Borges, Shakespeare e Pessoa. Quem sabe eles não têm algo a me dizer?

* * *

Mas nem tudo são espinhos: depois do amplificador, estou de PC novo. Lagalzinho o bichinho. Ainda mais porque essa semana dei uma turbinada boa nele, comprando um pente de memória pra triplicar o RAM. Cara, é impressionante o salto de qualidade de vida quando seu PC funciona bem, e você pode ouvir todas as suas músicas e videos numa boa. Realmente impressionante. Ainda mais porque consegui recuperar todos os mp3s e afins do outro computador. Bravissimo!

* * *

Estou com várias idéias pra posts, e assim que tiver mais tempo vou desancar a escrever. Estou com umas idéias sobre Der Untergang, que eu vi já faz mais de mês mas que ainda está na minha cabeça. Falarei também sobre a minha segunda visita ao "Admirável Mundo Novo" de Aldous Huxley, e o que tirei dessa releitura. O fato que quase ninguém está lendo isso aqui é mais um incentivo para escrever bastante.

Também quero trocar o sistema de comentários para o Haloscan - o sistema do blogger brazuca eu não consigo ver do trabalho, e daqueles incompetentes eu não quero nem o pó.

* * *

Ao som de Muddy Waters - porque eu também sou blueseiro - e Tortura de Shakira e Sanz.

RAFA @ 17:36 tic-tac-tic-tac

terça-feira, junho 14, 2005

"Sou humano, e nada do que é humano me é estranho"

Terêncio (c. 163 a.c.), dramaturgo romano, na peça Heauton Timorúmenos (O Atormentador de Si Mesmo).


Essa foi a primeira frase que me veio à cabeça quando vi esse site aqui, o PostSecret. Nele, medos, angústias, prazeres proibidos, culpas, arrependimentos, besteiras, são todos traduzidos em pequenos cartões-postais com segredos de anônimos. Desde já, estou viciado. Passei a noite refletindo sobre alguns deles. E, nem preciso dizer, tem TUDO A VER com a idéia desse blog.

Ainda estou chocado. São tantas as questões... será que a ética é algo tão difícil de internalizar assim? Será que uma conduta social mais preocupada com o outro evitaria o sofrimento de algumas pessoas ali? Ou será que tudo é inevitável, e a solução é render-se ao hedonismo absoluto? O segredo é uma expressão inalienável da intimidade, ou é uma reação - às vezes desesperada - a uma sociedade opressora e incompreensiva? Preciso de mais tempo pra pensar. Quando chegar a algum fundamento, comento. Por ora, deliciem-se com esse espetáculo de humanidade, com o melhor e o pior do que essa palavra possa significar.

* * *

RAFA @ 09:20 tic-tac-tic-tac

segunda-feira, junho 13, 2005

Sobre a elite de SP, dazzled by the Dazzlu.

A Daslu e a morte do Masp

Mario Cesar Carvalho

O Masp (Museu de Arte de São Paulo) não recebeu nem um centavo de doadores privados neste ano. Talvez por isso sejam reveladoras as fotos em que Julio Neves, o presidente do museu, aparece sorrindo na inauguração da Daslu, cujo prédio foi projetado pelo arquiteto.

As fotos são reveladoras porque expõem cruamente o muro que separa os novos ricos do universo da arte: os que pagam R$ 4 mil por uma saia ou R$ 8 mil por um terno acham que não vale a pena dar um centavo para o Masp ou para qualquer outro museu.

A ascensão meteórica da Daslu e a morte lenta do Masp parecem fazer parte de um mesmo fenômeno: aquele em que a elite paulistana abandona completamente a esfera pública, o espaço de convívio com os diferentes, para se isolar em bunkers como o que abriga a Daslu.
Museus são um dos melhores indicadores da predisposição da elite para dividir um de seus bens mais valiosos: a arte. É por isso que o Brasil dos anos 70 assustava os artistas estrangeiros. Como pode um país tão pobre oferecer obras primas de Van Gogh, Cézanne e Modigliani num prédio que é, ele próprio, um assombro modernista?

Esse país parece ter acabado. Desde outubro de 1994, quando derrotou José Mindlin por um voto (22 a 21), Neves promove um processo de desmonte do Masp. Trocou o piso, aposentou os cavaletes de vidro e concreto, levantou paredes e criou uma sala VIP. Por incrível que pareça, ninguém fez nada - o Patrimônio Histórico, o Ministério Público, os artistas, os colecionadores, os críticos. Neves extrai suas forças desse vácuo: há dez anos ele está na presidência do Masp.

Neves trata o prédio de Lina Bo Bardi (1914-1992) como se fosse mais uma obra dele. Não é por capricho que se quer manter os cavaletes de vidro e o piso básico do Masp. Eles narram as opções de Lina por um modernismo seco, sem adereços. Refletem as escolhas políticas da arquiteta. Lina era comunista e, no período mais negro da ditadura militar, em 1968, emprestava o canteiro de obras do Masp para Carlos Marighela, um dos guerrilheiros mais procurados, fazer reuniões da Aliança Libertadora Nacional.

Neves, amigo de infância de Paulo Maluf, não se contenta em desfigurar o museu. Quer colocá-lo à sombra de uma torre de 125 metros de altura projetada por ele. O próprio arquiteto apelidou o projeto com o inacreditável nome de 'pirocão'. A justificativa jeca para a altura é que do topo da torre daria para ver o mar em dias claros. A torre, na visão de Neves, ajudaria a levantar recursos para o Masp. O arquiteto não consegue mostrar decentemente o melhor acervo da América Latina e quer mostrar o mar? Na escala Neves, uma torre parece valer mais do que um Rafael ou um Ticiano.

Parece inacreditável, mas há tucanos lotados na administração do prefeito José Serra (PSDB) que apóiam a construção da torre. Não percebem, talvez, que o museu corre o risco de virar uma extensão dos negócios imobiliários de Neves.

Essa história melancólica parece sinalizar o nascimento de uma nova era, na qual a elite privatiza bens públicos, como os museus, ou transforma-os em acessório de seus negócios. É o custo da ignorância, não dos pobres, mas dos que estão no topo da pirâmide econômica. Como não há mecenato no país, os museus viraram a casa da sogra.

* * *

Meu parecer: essa elitezinha inculta de SP me assusta. Um bando de deslumbradinhos, dazzled by the fashion and the Dazzlu. Em alguma medida são piores que os nouveau-riches do Rio, que fazem da Barra uma grande Miami - que por sua vez, não passa de um Paraguai de grife. Os so-called "paulistaners" são umas cabecinhas colonizadas, tão sabendo mais da rave que está rolando em Tóquio do que o que passa na rua ao lado. Os do Rio, pelo menos, gastam mais do que têm aqui nos trópicos.

Nada contra a torre. Seria de fato uma boa oportunidade de captar recursos, e mais uma aquisição para a cidade e para o país. O que não pode é esse patrimonialismo escancarado com o bem público. Que isso seja investigado e esclarecido.

* * *

Ouvindo Beautiful Ones do Suede e Common People do Pulp. Tudo a ver com o tema. E eu realmente gosto do rock nerd.

* * *

RAFA @ 13:05 tic-tac-tic-tac

sexta-feira, junho 10, 2005

Oração

(ou: A Diós Le Pido)


Grande Fodão, que estás nos céus... dá me uma mulher.

Que ela seja de qualquer cor ou raça - morena, loira, negra, japoneuza, tanto faz. Só peço piedade com minhas pobres costas. E como Você sabe, eu sempre gostei de estar nas alturas.

Que seja de qualquer religião, desde que não seja xiita. E Você sabe bem o que quero dizer com "xiita"...

Que ela seja naturalmente linda, o que é tão raro hoje em dia e nesta cidade. Que seja gostosa e boa de cama, afinal me destes cromossomos diferentes, e não sei desejar de forma diversa.

Que ela seja inteligente, mas que tenha, sobretudo, virtude de espírito. Que saiba humildemente ensinar-me nos assuntos em que ela detiver a primazia, e que saiba admirar-me quando o assunto for meu. Que seja mestra e discípula, ídolo e fã.

Que ela sofra de ninfomania aguda, e que queira todo dia, mais de uma vez por dia. Mas que ela não seja, de maneira nenhuma, vagabunda, piranha, cadela, ou outros adjetivos que reservo às que banalizam o ato do amor com a promiscuidade.

Que não seja virgem, mas que faça com que eu sinta que sou sempre o primeiro. Em qualquer coisa, vá lá.

Que ela faça os elétrons da minha pele saltar - e que eu tenha efeito semelhante nela - sem que eu tenha a sensação de que ela, tal como um grande canhão de partículas alfa, anda bombardeando o espectro ao léu e arrancando elétrons de toda a metade masculina da cidade.

Que não seja deslumbradinha, nem hipócrita. Que tenha a mente aberta de verdade, sem preconceitos, e que como eu, só tenha um dogma: não ter nenhum dogma.

Que minha mãe goste dela, pra não dar zica. E que adore me dar mimos, pois nunca vou deixar de ter oito anos.

Enfim, que eu possa realmente orgulhar-me dela. Que ela ame e se deixe amar, e que possamos ser bem felizes por algum tempo. E se um dia precisarmos dar fim a nosso caso, que ela tenha a serenidade para encarar o inevitável de maneira tranqüila e madura. Como diria o grande filósofo Samuel Rosa (!), "sem perder a cabeça, sem perder a amizade".

E como és o Grande Fodão do universo, com seu todo-poderoso diâmetro igual à expansão do Big Bang, sinta-se livre para fazer as alterações que acher melhor para esta humilde cria. Afinal, se és mesmo o senhor de meu destino (sem alusões a novelas), Você deve saber o que está fazendo.

Améeeeeem!

(ao som de God gave me everything I want, Mick Jagger e Lenny Kravitz - dupla de milhagem invejável...)

* * *

RAFA @ 18:39 tic-tac-tic-tac