:: Raridades ::
quarta-feira, agosto 17, 2005

Gouden Eeuw

Ah ah ah, hora de atualizar... eu sei, eu sei. E em respeito as riquíssimas rimas da minha amiga Mari, aqui estou. Mas é que é tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo! Não ando com tempo pra absolutamente nada. E qual é o tempo que o tempo tem?

É tempo de grandes mudanças, para mim e para a família. Tempo de camas austríacas, uma guitarra elétrica, roupas novas, atitude nova em relação a muita coisa. Tempo de novas responsabilidades no trabalho, algo realmente grande para o país, que me orgulha, desafia, e ao mesmo tempo assusta. Tempos de Borges, Pi e Goethe. Tempo de reflexões profundas, que não sei como não tive antes. Tempo de + 4kg, + 4cm de bíceps, - 1,5% de gordura, nenhum cigarro at all, mais fôlego e muito mais saúde e disposição pra encarar a rotina alucinante.

rembrandt-nightwatch

Sinto que estou no começo de uma golden age, tipo os holandeses no século XVII... algo very very exciting, mas que ainda nâo se sustenta por si. Precisa de mais gás, mais superávits de tempo e dinheiro, e um pouco mais de ordem aqui dentro. You know, é como aquele broto de feijão que a gente planta no algodãozinho na terceira série. A gente sabe que falta muito pro broto virar plantinha, mas ao menos o broto nasceu, e isso é worth being happy for.

É enfim, tempo de coincidências muito estranhas. Aliás, sempre tive a impressão que essa força inexplicável à qual chamamos de "Deus" se manifesta justamente nesses pequenos acasos estranhos. Aí você se pergunta "what are the odds?!" e não tem nenhuma resposta razoavelmente racional. Seria realmente muito ingênuo da minha parte acreditar que a ciência e a razão - particularmente a minha razão - podem explicar absolutamente tudo, non? Mas na falta de base factual que corrobore o argumento, digo: parece mesmo que Deus existe, e que está comigo. Parece mesmo.

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Como disse, tá faltando ordem aqui dentro. Foco, eu diria. Talvez minhas paixões realmente precisem de um objeto mais específico, que as faça convergir para senti-las com mais intensidade. Engraçado, nessa minha mente geométrica, convergência me lembra ponto-de-fuga... mas não creio que um objeto para minhas paixões seria uma fuga at all. Pelo contrário, aliás. Em vez de fugir da realidade, me ajudaria a focar nela.

Nos últimos meses me acostumei a satisfazer os sentidos, ao mesmo tempo em que me acostumava com o vazio within. E como a natureza é avessa a vácuos, durante esses últimos tempos senti a pressão do ar fora do invólucro, querendo entrar e preencher o espaço. Peralá, dizia eu: não adianta preencher com qualquer coisa, I need guarantees. Mas vez por outra um pouquinho de ar achava uma brecha e entrava. E doía sentir o ar batendo no seco.

Uma coisa é certa: estou cada vez menos paciente com infantilidades. Não que eu me ache lá o senhor maduro tiozão, mas lidar com gente infantil tem sido quase como ouvir um som agudo bem alto perto do ouvido, tipo unha no quadro-negro. Unbearable. E nessas ocasiões tenho mandado um sonoro foda-se para quem quiser ouvir. Péssimo, mas ao mesmo tempo ótimo.


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O vento balança os coqueiros que moram na beira do mar

Traz de volta meu amor, coqueiro, ele foi viajar...

Bem pra lá defronte, no horizonte onde o mar se perdeu

Onde a curva da curva do mundo fez a curva, e o dia nasceu

mfarinha

O vento balança os coqueiros que moram na beira do mar

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RAFA @ 17:42 tic-tac-tic-tac