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quinta-feira, setembro 08, 2005

Independência

Sete de setembro, dia simbólico esse. Ontem celebrei minha independência. Sem pactos nem guerras com a metrópole, tampouco sem o pagamento de milhões de libras esterlinas, como nossa querida pátria auriverde. Na verdade, as libras esterlinas do meu já minguado salário de civil servant deste mês - e de muitos próximos, ao que parece - vão para o pagamento da geladeira, filtro de água, modem adsl, móveis, lâmpadas, e muitas outras coisas que nós, meninos de classe média-alta bem alimentados e irremediavelmente burgueses, take for granted at our mummies & daddies´.

Estou feliz. Mesmo com a falta natural que meus pais me farão nesses primeiros meses, acho que essa estória de administrar minha própria vida de maneira total e irrestrita representará um ganho de qualidade de vida bastante sensível. Mais ou menos como London´99 ou Brasília'00. As experiências anteriores são um bom precedente.

Cheguei a ficar puto com as oportunidades que perdi de concretizar este plano neste ano. Fatores externos, sempre. Serviram-me de três coisas: perceber que o mundo lá fora é uma selva bem pior do que a nossa pior previsão de cenário, que alguns "amigos" nem sempre estão lá muito preocupados com o seu estado de coisas, e que o Grande Fodão, ou seja lá qual força cósmica responda por essa alegoria, é bem mais forte e presente do que a nossa mundana compreensão.

Enfim, celebremos. Se conseguirmos deixar o apê minimamente transitável até o findi, faremos uma prévia da inauguração oficial com uma cervejinha e petiscos. Se não, aguardem e confiem.

(Em tempo, o primeiro que fizer piadinha com a música do Latino estará sumariamente desconvidado. Que fique claro.)

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O´Rilley (Ôu-Wrái-Lii), 409 sul. Abriu faz doze noites, três delas com a minha presença. Já vi que vou virar habituée, ou em boa gíria de pub, um "local". Ainda mais porque foi o único lugar que eu tenha ido até hoje no Brasil em que eu pedi um pint "flat" e fui totalmente compreendido. Sem necessidade de segundas ou terceiras explicações.

Um dos sócios chegou a me cumprimentar anteontem. Estava dando as referências a um amigo por telefone, e quando desliguei ele chegou dizendo "Parabéns, você é o primeiro cliente que pronuncia certo o nome do lugar". Cheers, pal. Sem hipocrisia nem falsa modéstia, é sempre bom se sentir o primeiro da classe, mesmo que seja por demérito dos outros.

Os outros sócios, pelo que sei, são nada menos que Bi "Paralamas" Ribeiro e Aloísio "Stadt Bier" Pádua. Já vi os dois por lá, muito atenciosos e, no caso do Bi, sem a menor frescura de bater papo com os fãs. Eu mesmo quase disparei uma do tipo "então, não quer me vender um dos seus baixos Fender não?".

Com a abertura da Stadt, da Brauhaus (recomendada pelo bróder Claudión) e agora com o O´Rilleys, Brasília se rendeu ao charme da cerveja chique. Não posso me fazer de rogado em dizer que há muito tempo já tinha aderido. Desde as happy hours na Embaixada Britânica e no Armazém do Brás, ainda no início da graduação, até as últimas viagens de sabor com Pedrón, Ju e Davi. Ah, já ia esquecendo, meu gastro havia me proibido de tomar cerveja. So what? Não vou ficar sem a cangibrina, de jeito nenhum. E se não posso tomar muito, pelo menos tomo com estilo, pra fazer cada gole valer a pena. Life is too short for cheap booze, certo?

O Ôu-Wrái-Lii já está recomendadíssimo aos amigos. Decoração temática impecável (tem até uma camisa do Glasgow Celtic!), gente bonita, nada de garotada (digo, bombados-de-regatchenha e pirigas teen de todas as espécies), dardos, boa cerveja e róquenrou de primeira. Pra melhorar, só precisa mandar vir mais da nossa água de hooligan, a boa e velha Newcastle Brown (tava no cardápio, mas tive que ouvir um sonoro "tem mas acabou"), e alguma irlandesa da boa, como a Caffrey´s, a dourada, da latinha pressurizada, claro.

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Mais cerva chique: a Bohemia Confraria é ótima mesmo. Sim, aquela mesma da propaganda com o Olivier Anquier, da receita dos frades belgas, 8 pilas por meio litro no supermercado. Ontem fizemos uma degustação, quatro pessoas, quatro garrafas, comidinhas "turcas" e papos sobre a coruja do Harry Potter e a amante apócrifa de Pedro II. É, eu adoro ter amigos inteligentes e bem-humorados. Obviamente, mais ainda quando estão ébrios.

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Por último, o nome da república. O mais óbvio é Jurrelsic Park, sendo eu e Lelê dois dinossauros não-fossilizados da Éfe-a. Mas ontem o Marquês veio com o nome "Ushuaia", por estar na ponta sul de tudo. Eu gostei. Acho que ficam os dois.

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Ao som de Libertines, Blur, Cansei de Ser Sexy, Pato Fu e Ludov. E ontem teve a estréia da Tainá em estúdio. Esta Epiphone SG é realmente boa. Já o tocador...

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Esse ano não vou ao BMF. Faço prova no fim-de-semana.

Mas podia ser em protesto. Acho que só pagaria pra ver o Paul van Dyk mesmo. E pagaria até mais, só pra lembrar aquela primavera londrina em 99, em que eu ouvia For an Angel em todas as festas. Ainda é a melhor trilha sonora que já inventaram para trepar.

Nem fazer amor, nem sexo. Trepar mesmo.

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RAFA @ 16:25 tic-tac-tic-tac