:: Raridades ::
quarta-feira, novembro 23, 2005

Passa-régua, day one


Primeiro dia de sol em sagitário no ano. Dia de muitos fechamentos para 2005. E, hopefully, primeiro dia fora do inferno astral pré-aniversário. Xô uruca!

Manhã: fazer um plano consistente para cumprir todas as minhas obrigações do mestrado em quinze dias.
Almoço: ir ao QG e renovar o seguro do carro, no último dia.
Tarde 1: entregar o relatório mais punk-rock-hardcore do ano no trabalho.
Tarde 2: uma conversa já long overdue.
Noite 1: ficar no trabalho até as 22h.
Noite 2: planejamento financeiro até o fim-do-ano.

Passa o esquadro, noves fora, pronto. Job done. Tem a pré-qualificação e o relatório da revisão bibliográfica pra essa semana ainda, mas péra lá, né? Tudo num dia só não ia ter graça...

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RAFA @ 21:39 tic-tac-tic-tac

segunda-feira, novembro 21, 2005

Carinho for granted

Os excessos dos últimos dias me pegaram de jeito agora de noite. Excessos de trabalho, de estudo, de correria, de balada, beber e fumar alucinadamente sem comer direito, etc e tal.

Não teve outra: garganta fechou, estômago reclamou, sinusite atacou a mil. E cá estou eu com uma insônia féladaputa, sabendo que a segunda-feira será de cão, e que preciso estar descansado para o amanhã. Eu até quero o tal descanso. Mas será que eu consigo?

Nessas horas é que eu penso como está sendo diferente a vida de morar só. E de quanto carinho e atenção nós - nós mesmo, os filhos da classe média e média-alta urbana, universitários bem alimentados - ganhamos sem nos tocar (ou dar o devido valor) do tanto de energia e tempo está sendo mobilizado por nós.

Mais cedo eu estava me sentido devagar. Drowsy. Sem ânimo. E qual a minha surpresa, cá com meus botões: não havia ninguém pra fazer jantar pra mim. Nem pra comprar o remédio na farmácia. Não digo nem o cafuné, essa necessidade de todo mundo que fica assim. Digo as coisas mais básicas, necessidades materiais e objetivas, que nossas famílias nos dão, e que passam totalmente batidos.

Fazer balada com o dinheiro dos pais é sempre mais fácil do que fazer com nosso próprio. Muito mais fácil esbanjar o dinheiro dos outros, óbvio. Da mesma forma, é muito fácil se esbaldar na balada três ou quatro dias por semana quando temos uma família e uma casa para cuidar da gente quando esse excesso cobra a conta. Nessas horas, agradeço pelos amigos que tenho, e pela atenção que eles me dão. Mas não tem jeito, casa é casa, mãe é mãe, e não tem mais volta, somos oficialmente adultos, e estamos on our own agora. Os amigos são mesmo a nossa segunda família. Nearest and dearest. But second, nonetheless.

E isso me leva a uma reflexão bem mais foda. Percebo que com o tempo a gente vai virando adulto casca-grossa, e toda essa coisa de "atenção & meios" que falei aí em cima vai perdendo a importância. Mas, como tenho aprendido nos últimos três anos, nossas imagens exteriores, de pessoas competentes e dinâmicas - verdadeiras fortalezas emocionais para quem vê de fora - acabam escondendo aquela criança interior, que na real é nosso verdadeiro eu. Essa criança sempre precisará de atenção e carinho. Vai fazer manha pra ganhá-las. Irá chorar quando sentir que não as têm, e quando tiver medo de algo. A lógica cartesiana da vida adulta e das imagens de semi-deuses pedirá (ou imporá) que a matemos, como num sacrifício que todos temos que fazer no altar da eficiência e do dinamismo da vida moderna, para sermos aceitos na tal grande sociedade. Só não percebemos que, ao matá-la, matamos o que há de mais autêntico em nós. Aquilo que é mais básico, o mínimo, o caroço que resta. Afinal, crianças são instintivas, e não simbólicas. Não têm as nóias nem construtos psicológicos complexos típicos dos adultos urbanos. Matar essa criança, ou não permitir que ela se manifeste, é que é morrer de verdade. É morrer bem antes da morte física. Não só porque matamos nossa própria essência, mas por não nos permitir a sonhar.

Amanhã, o sol vai bater na minha cara feia e barbada. Vou vestir um terno, me olhar no espelho, e vou trabalhar. Vou me achar um gato, a máquina de direito internacional, apesar dos dois ou três comprimidos que precisarei para a garganta. Ficará aquela sensação, como a que estou tendo agora ao escrever isso, que há algo de inocência perdida nessa mera dor-de-garganta que tenho. E que, na noite de hoje, a criança lá dentro bem que quis fazer manha pra ganhar atenção. Não conseguiu. A auto-imagem de adulto-provedor não ia deixar. Mas o principal: não havia a quem.

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calvinapocrifo

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RAFA @ 01:58 tic-tac-tic-tac

sábado, novembro 19, 2005

Person of the year: Candidato #2

longoProfile

Apresento-vos o Dr. Valter Longo, PhD, professor de biomedicina da University of Southern California. E quem tá a fim de ouvir piada, pode parar de ler por aqui. Isso aqui é bem sério, e igualmente interessante.

As pesquisas que este italiano de Gênova têm feito nos últimos anos não têm nada de "baboseira californiana" nos dizeres do velho mestre Gusmão, apesar de que têm resultados bombásticos - e talvez profundos de verdade para todos os campos do conhecimento humano e em nossas vidas cotidianas.

Dr. Valter descobriu recentemente que há uma relação direta entre a longevidade dos indivíduos e a quantidade de alimento que cada célula consome. Com mudanças no DNA, ele conseguiu fazer com que organismos simples vivam 6 vezes mais, simplesmente "otimizando" seu consumo de alimento, de modo a que não acumulem resíduos desnecessários. Resultados aqui. Próximo passo: células humanas.

Mas ele vai adiante: ele dá uma nova e revolucionária leitura à teoria da evolução darwiniana, dizendo que a morte é um instrumento muito mais profundo do que imaginamos na cadeia do tempo das espécies. Pare ele, a evolução não se dá em termos de indivíduos mais aptos, e sim de grupos, ou melhor, bolsões de genes. Ou seja: nas espécies, há organismos programados e fadados a morrer antes, em uma atitude "altruísta", para que outros de sua espécie possam sobreviver. Estranho é notar que tais "condenados" são normalmente os organismos mais ativos. Leia mais aqui. Tem uma página que explica bem essa teoria dele, mas não conseguindo mais achar no Google. Depois eu edito isso aqui.

Enfim, me interessei muito pela pesquisa e pelas teses dele. Afinal, se é inegável que Darwin teve um impacto profundo no pensamento posterior, seja no marxismo ou na sociologia de Durkheim, uma nova e radical interpretação da evolução das espécies - não individualmente, mas em grupos - pode certamente mudar bastante o modo como cooperamos e nos relacionamos com fellow humans e outras espécies.

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Enquanto isso, nos trópicos... leiam a notícia que transcrevi abaixo. A fonte é o blog do Josias de Souza.

Nada contra a igreja católica nem contra qualquer religião em específico. Nada mesmo. Mas não sejamos ambíguos: qualquer pessoa que admita que o Brasil é um país católico está negando a laicidade de nosso Estado. E Estado que não é laico não é sério. É feudal. Ignorante. Parou no tempo.

Enquanto isso, um cara que eu achava um jurista brilhante - o Prof Fontelles - me faz uma dessa. Nada contra alguém ter convicções. Mas esta peça escrita por ele, e defendida pelo atual PGR, carece de seriedade jurídica. Vi que, além de vascaíno, o Prof Fontelles tem outros defeitos sérios.

Ameaçadas as pesquisas com embriões humanos

O procurador-geral da República, Antônio Fernando Souza, encaminhou ontem ao STF (Supremo Tribunal Federal) um parecer que impõe grave ameaça às pesquisas científicas no Brasil. Ele se posicionou favorável à ação que pede a decretação da inconstitucionalidade do artigo 5o da Lei de Biossegurança.

É esse artigo que autoriza as pesquisas com células-tronco de embriões humanos no país. Se a posição do Ministério Público prevalecer, os experimentos serão proibidos. O parecer de Fernando de Souza será analisado no Supremo pelo ministro Carlos Brito, relator da ação de inconstitucionalidade, de autoria da própria procuradoria.

Na prática, Antônio Fernando de Souza apenas encampou o parecer que redigido por seu antecessor, Cláudio Fontelles. Católico fervoroso, Fontelles disse antes de deixar o cargo que se baseara apenas em argumentos jurídicos e científicos. Não é bem assim.

Fontelles produziu um texto fundado em teses de especialistas vinculados direta ou indiretamente à Igreja. A discussão gira em torno da definição do momento em que a vida humana começa. Para ele, a vida se inicia “a partir da fecundação”.

A prevalecer esse argumento, as pesquisas, ao destruir embriões humanos, violaria o direito constitucional à vida. É a mesma tese defendida pelo catolicismo. Para a Igreja, a vida começa no instante em que o espermatozóide fecunda o óvulo.

Cientistas e juristas que defendem as pesquisas com células tronco fazem uma leitura menos dogmática da lei. argumentam que é ao nascer que a pessoa física passa a ser dotada de personalidade jurídica, com os direitos e deveres previstos na Constituição.

No parecer de Fontelles, agora endossado por Fernando de Souza, são mencionados estudos de vários cientistas. Mas o ex-procurador-geral se eximiu de mencionar que todos têm vinculação com a Igreja.

Entre os especialistas citados por Fontelles está a professora Elizabeth Kipman Cerqueira. Ela representa a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil). Outra professora que menciona é Alice Teixeira Ferreira. Integra o Núcleo de Fé e Cultura da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.

Fontelles esgrimiu teses do professor Dalton Luiz de Paula Ramos. Ele é vinculado à Pontifícia Academia Pro Vita, uma entidade criada pelo Vaticano. Citou também experts estrangeiros. Entre eles o francês Jerôme Lejeune. Integrante da Opus Dei, o braço mais conservador da Igreja. O parecer não cita um único cientista verdadeiramente laico.

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RAFA @ 18:12 tic-tac-tic-tac

segunda-feira, novembro 14, 2005

Geneviève
(2001-2005)

JVC-KDG611

Genê - ou Genovévous, como dizia a Gligas - era uma gentil empregada. Sempre muito solícita e educada. De ascendência japonesa, havia sido educada em um convento em Lausanne, e por isso mesmo falava inglês perfeito, da maneira que só os suíços conseguem fazer. Cumprimentava-me com um cordial "hello" todas as vezes que requeria sua intervenção, deixando-me com um "see you" quando finalizado o serviço. Informava-me o volume, estação, qual CD do magazine eu estava ouvindo. Era uma funcionária modelo.

Genê foi declarada missing on action na madrugada do último domingo, entre os pavilhôes Anísio Teixeira e João Calmon, em um lugar abundantemente iluminado, enquanto eu ouvia o show de Los Hermanos (meia-bôca), Marcelo Bonfá (do caralho) e Móveis Coloniais (always a pleasure). Por sorte não levaram a Tainá, que estava no banco de trás, nem o casaco Diesel zhonghuò que o Pedro me presenteou.

Quero dar um tiro nos órgãos sexuais de quem a tenha sequestrado, raptado, roubado. Isso vale também para os consumidores sem ética que compram sons roubados na feira do rolo. Se encontrar um som que responda em inglês, francês e japonês com essas características, send her my most cherished regards.

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Happy: Balada muito fera, apesar do furto. O Fogão ganhou e está quase na Sul-americana. Old England bateu a Argentina - o que é sempre lindo - y mi pequeño Uruguay está a dois passos da Copa. Adoro vitórias futebolísticas.

Sad: o Drucker morreu. Deixa uma contribuição enorme para a Administração (talvez a única de relevância). No grievances. Viveu bem o tio.

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RAFA @ 08:32 tic-tac-tic-tac

sábado, novembro 05, 2005

Closing Time

"every new beginning comes from some other beginning´s end"

Como não podia deixar de ser, mais um pouco de "Johnnie Walker wisdom".

O momento cósmico na vida deste que vos fala é de fechamentos, decisões, conclusões. Última linha da contabilidade, último drink antes de ir pra casa. Vida pessoal, trabalho, banda, mestrado, amigos de perto e de longe, família, academia, enfim, tudo, do verbo tudo mesmo, ao mesmo tempo agora. Tá bom, seria pretensioso achar que todos os processos na minha vida estejam tão sincronizados a esse ponto, como o momento crucial da trama de um filme do Tarantino ou do Guy Ritchie (engraçado, consigo enumerar umas 4 ou 5 cenas que eu gosto muito assim, desse jeito), mas pelo menos é uma boa antecipação - uma primeira parcial, que seja. Primeiro rascunho sobre um ótimo ano, mesmo com as merdas.

O fato é que as bombas resolveram estourar - contra minha vontade, frise-se. A maior parte naturalmente, porque este é o tempo dos seus processos. Outras poucas, devo reconhecer, porque não dá mais pra procrastinar e ir levando com a barriga. Dos caixotes ainda desarrumados na minha sala às brigas por poder dos colegas no ministério, dos livros que tenho que ler para minha tese às visitas ilustres, dos milhares e milhares de km que viajarei até o fim do ano ao repertório do nosso primeiro show. Chegou a hora de deixar a tinta preta no papel branco. Caucus is over, now it's drafting time.

É preciso agir. Agir porque é hora. Porque tenho que ter em mente que as indefinições não afetam só a mim, mas a todos que me cercam de alguma maneira. Porque os projetos, e relacionamentos, precisam evoluir. Porque el tiempo... el tiempo no para.

(título em homenagem ao Semisonic e ao Leonard Cohen)

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Esse ano está sendo ótimo. Não fantáaaastico, é claro, mas ainda sim um SS com louvor. Nunca ouvi tantas músicas novas, nunca li tanto sobre coisas tão diferentes, nunca aprendi e realizei tanto. Nunca beijei bocas tão boas, nem fui a festas tão bacanas. Nunca me senti tão bonito e inteligente, nem vivi emoções tão intensas. Nunca acertei tanto em minhas previsões e projeções de cenário. Tenho minha casa - linda - um carro em meu nome e só pra mim, um trabalho que me dá prazer, um mestrado que realmente me desenvolve intelectualmente, e ainda há muito por vir. Enfim, that's the golden age, den gouden eeuw.

Ainda sim, há aquele sentimento incômodo de que algo muito importante está faltando, e que eu não sei o que é. Suspeito, mas nada de conclusões precipitadas. Talvez porque ainda não atingi o ideal de Pareto, graças a D'us. E é claro, não realizo mais, nem vejo meus amigos more often, porque não há tempo pra isso, mas não se pode ganhar em tudo. Aliás, sempre achei que não existe such a thing as "estar passando muito tempo com os amigos". Mesmo muito tempo com eles nunca seria tempo o bastante.

A dúvida persiste. Que pedaço é esse que me falta, e não me deixa esquecer?

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Me parece bastante claro que a Revista Veja nos últimos tempos tem comprometido sua objetividade e neutralidade jornalística às expensas de uma pauta política conservadora e barata. Muita gente já previa isso, e eu mesmo acho que eles só saíram do armário pra assumir sua orientação ideológica que veladamente já se manifestava há muito. Ruído político à parte, não dá pra não reconhecer que a revista ainda tem uma produção de conteúdo de respeito, ou pelo menos naquilo que não pode ser politically biased. E olha que os caras têm o prego do Diogo Mainardi escrevendo lá.

Disclaimer dado, digo que a reportagem de capa dessa semana me chamou muitíssimo a atenção. Trata sobre o problema dos doentes terminais. E chama para o debate uma das questões que, para mim, estão na pauta verdadeiramente crucial de nossos tempos - eutanásia, interrupção da gravidez, união civil homossexual, meio ambiente - coisas que um liberal democrat blue-stater como eu vai defender até o fim da vida.

Não deixe de ler a matéria no link laranja acima. Recomendo fortemente. Leia ao som de Mantra, do Nando Reis, para uma experiência mais completa.

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Outra coisa que tem me chamado a atenção é essa idéia de PC de baixíssimo custo para popularizar a internet nas escolas. O Media Lab do MIT, sob a liderança do Nicholas Negroponte, anunciou recentemente um laptop de 100 dólares com essa proposta. Brilhante idéia. Vale a pena dar uma olhada.

O foda é que o tar du cumpádi nícolas é irmão do outro Negroponte, republicano até a unha do pé, que foi embaixador americano na ONU e no Iraque e que hoje é Diretor da CIA. O do "vem, vi, vetei". Será um caso Esaú e Jacó? Ou será coisa do eixo do mal?

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Ao som de Funkadelic Live at Houston '77, Spectacular do Graham Coxon, Last post on the bugle dos Libertines, 303 do Kula Shaker, C´mon c´mon do Von Bondies e From the floorboards up - a nova do Paul Weller. E pra quem não conhece, o site de duas bandas de Brasília que andam me chamando a atenção: Satanique Samba Trio e Sapatos Bicolores. Como diz um velho amigo, "fica a dica".

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RAFA @ 10:46 tic-tac-tic-tac

terça-feira, novembro 01, 2005

Person of the year: Candidato #1

Wangchuck-India

Senhores e senhoritas, queridos amigos, apresento-vos o Rei do Butão.

Mas o nobre leitor deve estar a se perguntar: o que o monarca dignatário de um país tão, hammmm, importante para nós, faz neste não menos digno blogue?

Simples. Esse cara está sendo a referêincia* pra mim agora. Um exemplo a ser seguido. Mais do que do iconoclasmo sem-noção do Hitchens. Mais do que a criatividade viajante do Baudrillard. Mais do que a esquizofrenia lógica do Kurt Gödel. Mais do que o Rawls... Opa. Não não. Mais que o Rawls não. Aí já é sacanagem.

Olhe bem a foto e veja a cara de baiano safado que sua majestade tem. As quatro esposas dele devem achar ele um pimpão sexual. Na verdade, sua majestade é um chefe de Estado nada convencional. Prefere despachar de uma cabana de madeira em vez do palácio real, que ele deixa pras esposas - afinal, aqui como lá, mulher gosta mesmo é de luxo. Ele não. Sua majestade é um cara simples, tranquilão, daquele que vc chama pelo nome, saca? Podia ter nascido mineiro, ou baiano. Tá bom, em Montes Claros.

É o único governante que se tem notícia que reduziu os próprios poderes por iniciativa própria e sem pressão externa. Afinal, governar o Butão deve ser estressante demais. E como sua majestade é um budista praticante, estresse não tá com nada no Butão. Mas ser budista, pra ele, não significa ser fresco. Sua majestade é muito, muito macho. Organizou a primeira campanha militar da história do pacato Butão, contra uns separatistas da Índia e do Nepal, que tomaram um sacode bonito. Afinal, ele é um rei-dragão, que não precisa tatuar nada no corpo pra dizer que é macho. Para ele, símbolos de macheza são as verdadeiras aberrações. Copiei, excelência.

Mas a revolução mesmo é a idéia de Gross National Happiness. Pra ele, GDP, PIB, ABS ou outros métodos quantificadores de riqueza só servem para os yuppies economistas-de-pau-pequeno do sistema Bretton Woods, que descotam suas frustrações sexuais freudianas comprando Ferraris vermelhas. Pra ele, bom mesmo é quem é feliz. E como medir isso? Não dá. Mas dá pra ter noção. Ô se dá. E o Butão, lá no butão do mundo, é campeão mundial. Mesmo sem nenhuma Ferrari sequer. Mesmo sem nunca ter se classificado pra Copa do Mundo. Fizeram até um mega-congresso internacional no Canadá em junho desse ano pra discutir a grande contribuição do rei-dragão para a humanidade.

Esse é o cara. Sério candidato a person of the year do Raridades. (Ia botar "homem do ano", mas não quero feministas doidas com gender issues. Nóis é politicamente correto). Mais candidatos até dia 23 de dezembro, quando, se D'us quiser, abandonarei a chuva do Planalto Central rumo à terra dos altos coqueiros, onde terei a comida de Dadá e muito boa companhia. Não é Butão, mas é o que eu tenho. Stay tuned.

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RAFA @ 20:44 tic-tac-tic-tac