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terça-feira, novembro 01, 2005

Person of the year: Candidato #1

Wangchuck-India

Senhores e senhoritas, queridos amigos, apresento-vos o Rei do Butão.

Mas o nobre leitor deve estar a se perguntar: o que o monarca dignatário de um país tão, hammmm, importante para nós, faz neste não menos digno blogue?

Simples. Esse cara está sendo a referêincia* pra mim agora. Um exemplo a ser seguido. Mais do que do iconoclasmo sem-noção do Hitchens. Mais do que a criatividade viajante do Baudrillard. Mais do que a esquizofrenia lógica do Kurt Gödel. Mais do que o Rawls... Opa. Não não. Mais que o Rawls não. Aí já é sacanagem.

Olhe bem a foto e veja a cara de baiano safado que sua majestade tem. As quatro esposas dele devem achar ele um pimpão sexual. Na verdade, sua majestade é um chefe de Estado nada convencional. Prefere despachar de uma cabana de madeira em vez do palácio real, que ele deixa pras esposas - afinal, aqui como lá, mulher gosta mesmo é de luxo. Ele não. Sua majestade é um cara simples, tranquilão, daquele que vc chama pelo nome, saca? Podia ter nascido mineiro, ou baiano. Tá bom, em Montes Claros.

É o único governante que se tem notícia que reduziu os próprios poderes por iniciativa própria e sem pressão externa. Afinal, governar o Butão deve ser estressante demais. E como sua majestade é um budista praticante, estresse não tá com nada no Butão. Mas ser budista, pra ele, não significa ser fresco. Sua majestade é muito, muito macho. Organizou a primeira campanha militar da história do pacato Butão, contra uns separatistas da Índia e do Nepal, que tomaram um sacode bonito. Afinal, ele é um rei-dragão, que não precisa tatuar nada no corpo pra dizer que é macho. Para ele, símbolos de macheza são as verdadeiras aberrações. Copiei, excelência.

Mas a revolução mesmo é a idéia de Gross National Happiness. Pra ele, GDP, PIB, ABS ou outros métodos quantificadores de riqueza só servem para os yuppies economistas-de-pau-pequeno do sistema Bretton Woods, que descotam suas frustrações sexuais freudianas comprando Ferraris vermelhas. Pra ele, bom mesmo é quem é feliz. E como medir isso? Não dá. Mas dá pra ter noção. Ô se dá. E o Butão, lá no butão do mundo, é campeão mundial. Mesmo sem nenhuma Ferrari sequer. Mesmo sem nunca ter se classificado pra Copa do Mundo. Fizeram até um mega-congresso internacional no Canadá em junho desse ano pra discutir a grande contribuição do rei-dragão para a humanidade.

Esse é o cara. Sério candidato a person of the year do Raridades. (Ia botar "homem do ano", mas não quero feministas doidas com gender issues. Nóis é politicamente correto). Mais candidatos até dia 23 de dezembro, quando, se D'us quiser, abandonarei a chuva do Planalto Central rumo à terra dos altos coqueiros, onde terei a comida de Dadá e muito boa companhia. Não é Butão, mas é o que eu tenho. Stay tuned.

* * *

RAFA @ 20:44 tic-tac-tic-tac