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segunda-feira, dezembro 19, 2005
Estranhos tempos esses. Acho que a vida está querendo me dar uma lição, mas eu não entendi a primeira explicação. Repete, teacher?É estranho como as coisas têm progressivamente saído do campo da sintaxe e entrando no campo da semântica. You see, não se trata mais de ter uma namorada bonita, inteligente, que beije bem, seja boa de cama, simpática, etecetera e tal. O que é tecnicamente bonito ou bom às vezes não tem significado, e por isso mesmo, não faz sentido. Não digo que a sintaxe perdeu de vez a importância: esse ano me mostrou que ela é muito mais que importante, é pré-requisito. E justamente por isso temos que saber observar nosso "ponto de corte" inconsciente, sem ser hipócrita para si mesmo. A gente passa a vida adorando filé ao molho madeira. Um dia, resolve experimentar: lagarto ao vinegrete, picanha com mostarda, frango com ervas. Experimenta de tudo, do bom e do melhor. E chega à conclusão que gosta de todas essas coisas. Mas que adora, de adorar mesmo, o maldito filé ao molho madeira. Não dá pra julgar pessoas e relacionamentos por critérios objetivos. As pessoas não são meros conjuntos de qualidades e defeitos, como uma tabela de prós e contras. O que importa mesmo é a estorinha. Aquela menina feinha, que beija mal e tem manias ridículas pode mesmo ser a mulher da sua vida, o grande amor que vc estava esperando, e que se não vai ser a mãe de seus filhos vai te fazer bem feliz por um bom tempo. Depende apenas de como a estória está sendo escrita, fato após fato, linha após linha. Às vezes a estória vai parecer bem estranha, sem estrutura como um poema concretista, ou atropelada e sem pontuação como os contos que eu odeio do Saramago. Por vezes será ritmado, singelo como uma valsinha, ou troppo allegro como um house de altíssimo BPM. Pode ser sensual e debochado como um sambinha, ou dramático e elegante como um bom tango. É claro, o estilo, e o ritmo, podem mudar no meio da estória também, por que não? O fato é que as coisas já não são como são. Elas são como parecem ao olho do freguês aqui. Cheguei à conclusão que imperfeições das mais sérias, como beijar mal, ser burra ou feia, passam totalmente batidas quando a estorinha joga luzes em outra direção. É a estorinha - e não o amor, como algum desavisado pode supor - que dá sentido às coisas da vida. Semântica, e não sintaxe. * * * RAFA @ 17:26 tic-tac-tic-tac
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mirror, mirror
na vitrola
bio Brasileiro da gema, viajante do mundo por natureza. Sagitariano cuspido e escarrado, com ascendente em Aquário, seja lá o que isso for. Odeia sopas e caldos mais do que tudo no mundo, seguido de perto por cinismo. Nascido na Ilha do Leite, na cidade do Recife, criado na Urca e em muitos quartéis Brasil afora, foi enrolado por sua mãe na bandeira do Sport quando nasceu, mas ama mesmo é o glorioso Botafogo de Futebol e Regatas. Afinal, amor que é amor tem que doer, e torcer pra time que só ganha é chato demais. Gosta de sentir a brisa da praia no rosto, do bobó de camarão de Dona Susana, e de frutos do mar em geral. Seus tempos de Colégio Militar no Rio o fizeram um cavalariano orgulhoso, mas um péssimo cavaleiro: ainda hoje insiste em querer montar pelo lado direito. Indie desde pequeninho, é mestre em gostar de bandas que ninguém nunca ouviu falar. Em razão do seu amor pelo róquenrou, tenta sem sucesso tocar instrumentos de cordas - violão, baixo, guitarra - mas sua incompetência não o deixa passar do meia-boca. Moço com grandes dotes culinários (só não morreu de inanição ainda por sua criatividade na cozinha), amante da boa-mesa - e de "forks" in the table - já até sentiu o sabor das nuvens. Com oito anos decidiu ser piloto de caça depois de ter visto Top Gun no cinema - desistiu aos 16 quando se deu conta que a Marinha não tinha caças e que milico ganha mal que só a porra. Hoje, graduado em Relações Internacionais pela UnB e mestrando em Comunicação na mesma, estuda para passar no Rio Branco, só porque gostou do cafezinho da Embaixada em Londres. Viciado em chocolate por falta crônica de sexo, vive dizendo que um alfajor de chocolate Havanna é quase tão bom quanto uma noitada com a Luana Piovani ou com a Jennifer Connoly. Eco-chato assumido, descobriu-se idealista depois de velho - dizem as más línguas que foi depois de ter finalmente entendido Kant, aquele mesmo que ele próprio passou a vida inteira malhando. Reza a lenda que seu idealismo é tão agudo que nunca vai deixar de acreditar em Papai Noel e na ONU. É um dos maiores acadêmicos de seu tempo, com 1,90m de altura, por isso mesmo preferindo as altas: "baixinha dá uma puta dor nas costas" reclama. Don Juan totalmente às avessas, "bigode" assumido, não tem muita afeição por gatos, a marxistas e a torcedores do Flamengo. Recebeu orgulhamente o diploma de cidadão honorário de Entre-Ijuís/RS, e já vislumbra o Nobel da Paz. Toma chimarrão regularmente, para curar bebedeira e manter a tradição. Sangue O positivo com muita testosterona, sofre de insônia, alergia a pó e falta de simancol. Escreve esse blog porque adora fazer uma graça - só não percebeu que a maior graça na vida dele é ser ele próprio.
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soft cuca ![]()
sharp cuca about this blog *idiossincrasia (id). [Do grego idiossynkrasía: ídios, próprio + sykrasis, constituição, temperamento] S. f. 1. Disposição do temperamento do indivíduo, que o faz reagir de maneira muito pessoal à ação dos agentes externos. 2. Maneira de ver, sentir, reagir, própria de cada pessoa. 3. Med. Sensibilidade anormal, peculiar a um indivíduo, a uma droga, proteína ou outro agente.Porque "Raridades & Idiossincrasias"? Não sei bem ao certo. Achei um título legal when it came out. Um título quase conceitual, eu diria. Sobre as "idiossincrasias", eu uso essa palavra sempre, mesmo soando meio intelectualóide demais pro meu gosto. No entanto, eu normalmente a uso com um sentido um pouco diferente do restrito léxico dos dicionários. Pra mim, essa "maneira de ver, sentir, reagir" se percebe nas menores coisas, aquele tipo de detalhe inerente à sua personalidade que nem mesmo as pessoas que melhor te conhecem poderiam notar. Aquelas pequenas manias, tipo Amélie Poulain, como fazer pedrinhas ricochetearem no canal ou enfiar a m?o num saco de tremoço (aliás, enfiar a mão num saco de qualquer cereal é fantástico!). Detalhes pequenos, mas muito importantes. Vitais! Essa é a idéia. Registrar estas pequenas raridades do dia-a-dia. Ou também as raridades que parecem grandes, mas que no final são igualmente pequenas. Isso faz parte do meu esforço de perceber a realidade ao redor com olhos mais clínicos, para poder enxergar a beleza dessas coisas. A manteiga derretendo no pãozinho quente, o cheiro fresco de grama molhada de chuva, essas coisas... Enjoy the experience! no baú
setembro 2004 Raridades v.1: out'02 a fev'03
Raridades v.2: out'03 a fev'04
Raridades v.3: mai'04 a set'04 - fora do ar devido aos idiotas da Globo.com
credits
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