:: Raridades ::
terça-feira, janeiro 09, 2007

De volta... de novo!

Depois de nove meses fora, cá estou de volta. Não posso negar, voltar a escrever foi uma resolução de ano-novo, motivada por uma experiência de intervenção divina que tive no réveillon no Rio. Sim, você leu direitinho: intervenção divina. God got involved. Mas isso merece um post à parte.

Olhando para trás, não sei explicar o motivo da minha parada. Dizem que o blogueiro médio só escreve quando está deprê, mas esse não é o caso. Tive momentos muito ruins e muito bons no ano que passou, e nem por isso senti aquela comoção irresistível de postar. No fim das contas, acho que não tive tempo mesmo. Estava muito ocupado com a vida. Melhor: acho que 2006 foi um ano em que eu estava muito mais ocupado em segurar as pontas do que com viver. Esse ano paguei minhas contas, minhas e dos outros, e vivi um dia de cada vez. E isso não é lá pouca coisa!

Alguns podem achar que virei um pequeno-burguês, como sempre critiquei meus pais. Mas o fato é que ser um jovem adulto de classe média-média não é fácil nesse país de juros altos e pouca vergonha na cara. Se o cartão de crédito não fosse tão proibitivo, me indulgenciaria a algumas semanas de baladas e curtição absoluta once a while. Mas a vida simplesmente não é assim. Viver na capital da república é caro e meu salário de recém-formado não me permite extravagâncias.

Mas o problema de não escrever não foi financeiro, obviamente. Blogar é de graça. O principal mesmo é que cultivei uma relação que me drenava, em vários aspectos. Drenava minha criatividade, minha espontaneidade, meus wits. Mas se a razão apressa-se em culpar, o sentimento entende que não havia escolha. Somos capazes de feitos inimagináveis quando amamos alguém; inclusive de segurar o leme do barco na direção correta em meio à tempestade. Isso nem sempre adianta, e por vezes vemos que os passageiros se desesperam e pulam no bote salva-vidas ao menor sinal de água no convés. Ficamos tristes, indignados, mas o que há de se fazer?

Enfim, 2006 foi um ano esquisito. Mas se não fui feliz esse ano, ao menos descanso tranqüilo em saber que tentei evitar todo tipo de infelicidade ao longo de 12 meses. Acho que deu certo. Pode não ter sido bom, mas decerto ruim não foi. Com tanto contratempo, como poderia ter sido diferente?

(E quando, meu Deus, vou deixar dessa mania de fazer perguntas retóricas?)

* * *

Acho que me expresso melhor escrevendo do que falando. Não que eu ache que escrevo bem, quer dizer, não acho que eu escreva tão bem quanto me dizem. Alguns amigos me disseram que estavam sentindo falta das crônicas do Raridades - talvez seja verdade, talvez eu apenas tenha amigos muito legais mesmo, talvez as duas coisas. Não sei. Só sei que expressar-se é uma necessidade humana, e esse é o meu veículo preferido. A música vem em segundo lugar, mas é só pela minha incompetência como instrumentista, e porque ela por natureza se reserva a momentos especiais.

A palavra escrita me seduz mais pela possibilidade de uma reflexão melhor, e pela perenicidade no tempo. Fica lá, registrado, quase um ato lavrado em cartório. Não que a palavra falada não me seduza: a fala é viva, e a oralidade nos traz justamente a espontaneidade e wit que eu tanto valorizo. Mas nessa seara sofro de limitações técnicas, falo muito rápido, embolo as palavras, sou quase um repentista, ou locutor de jóquei. Sou um caso sério para uma fonoaudióloga - aliás, para uma fonoaudióloga interessantíssima, estória pra outra hora. A palavra falada envolve mais, mas é mais rasa. Deixo os grandes pronunciamentos para os ditadores e políticos.

É claro que me desanima um pouco a moda dos blogs ter passado. Percebo que as pessoas em geral andam dando menos atenção para eles, lendo menos, enfim, deixaram de ser novidade. E por mais absurdo que possa ser, eu escrevo é pra ser lido. Não vou ser hipócrita em dizer "escrevi só pra mim". Mais do que catarse ou memória eletrônica, o blog é uma ferramenta de comunicação. Uma janela para o mundo. Espero aproveitá-la mais nesse ano que entra.

* * *

Aproveito pra dizer que estou fazendo uma faxina aqui. Fiz uma reforma no template, tirei links inativos, atualizei outros... barba, cabelo e bigode.

A aprimoramento deve ser contínuo, e por isso não devo fazer tudo de uma vez. Sugestões são muito bem-vindas. Gostaram do azul-marinho com amarelo-cerveja?

É, estou de volta. Eu sempre volto.

RAFA @ 16:33 tic-tac-tic-tac