:: Raridades ::
quarta-feira, outubro 17, 2007

Tenho que confessar que não estou cumprindo uma das minhas principais metas para esse ano: blogar. Na minha experiência de epifania de ano-novo esse foi um dos principais temas. Ás vezes as coisas movem-se tão rápido que é preciso aproveitar-se do registro escrito para sistematizar alguns processos dentro da cabeça. Eu sempre achei que a melhor coisa sobre blogar é a sensação de clareza de raciocínio que vem depois. Mas, trabalhando do jeito que eu estou, e todos esses meses sem internet em casa... não tem blog que resista.

Acho que os problemas são muito mais operacionais do que psicológicos. Para ter a tal clareza para escrever são necessários alguns momentos de calma e ócio (tudo o que eu não ando tendo) pra deixar a coisa fluir. Tenho idéias sobre bons textos o dia inteiro, mas na hora cruel, de frente pro teclado, cadê? Acho que a coisa vai melhorar com o novo celular, com as voicenotes vai dar pra ir registrando as coisas durante o dia.

* * *

Havia uma váibe esquisita no ar ontem. Aliás, já não é a primeira terça-feira que sinto isso antes de ir para o meu sambinha sagrado de toda semana. Era uma espécie de dissonância, um grande ruído, como se a terra abaixo de nós estivesse com febre. Isso me deixou meio irritadiço, estava sem paciência pra nada, nem para o papo fútil das patricinhas da mesa ao lado, nem para o atraso do garçom, para a dona maria que ficou passeando no trânsito falando no celular.

Não sei, mas a impressão que eu tive é que a terra estava reclamando por água. Já passou da hora de começar chover nessa cidade: os primeiros pingos normalmente vêm na primeira semana de setembro, mas já estamos na segunda semana de outubro e só chuviscou em alguns lugares esparsos.

Saiu no Correio deste fim-de-semana uma crônica que acabava mais ou menos assim, parece mesmo que essa primeira chuva depois da longa seca faz tudo renascer por aqui. Engraçado como esse sentido de renovação e renascimento é presente nessa época do ano. Outras civilizações, como os celtas, já atribuíam o valor de fertilidade a esse período entre o equinócio de primavera e o solstício de verão. Parece ser essa a época do ano-novo 'natural', por assim dizer.

De mim, bem, continuo com essas minhas palas esquisitas, com essa antena captando frequências do além. Ou talvez seja eu mesmo precisando que chova na minha horta. O que falta? Acho que agora é só uma questão de oportunidade, de ter as nuvens certas na hora certa. Talvez por isso é que tenha colado na minha cabeça aquela crássica do Everything But The Girl "and I miss you, like the deserts miss the rain"...

RAFA @ 15:04 tic-tac-tic-tac